|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA/LANÇAMENTOS
"BRASILIDADE"
Aos 64, violonista participa de projeto do grupo Bossacucanova
Roberto Menescal entra na onda da bossa eletrônica
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos nomes mais importantes da primeira fase da bossa nova, Roberto Menescal, 64, incorporou recentemente palavras como "sample", DJ e "loops" ao seu
cotidiano.
Isso porque o autor do clássico
"O Barquinho" (com Ronaldo
Bôscoli) se uniu ao grupo Bossacucanova para lançar "Brasilidade", disco de bossa eletrônica que
acaba de sair pela Trama.
O grupo é formado por um baixista (Marcio Menescal, filho do
violonista), um tecladista (Alexandre Moreira) e um DJ (Marcelinho da Lua). Os três "garotos",
como Menescal se refere a eles,
também são programadores.
A parceria Menescal/Bossacucanova começou quando Marcio
pediu que o pai pensasse num novo arranjo para "O Barquinho".
A música, repaginada, entrou
no primeiro disco da banda, "Revisited Classics", lançado em 99
pela gravadora belga Six Degrees,
apenas na Europa. A mesma gravadora "descobriu" Bebel Gilberto e lançou "Tanto Tempo", disco
que virou hit na Europa bem antes de sair no Brasil.
Menescal conta que a escolha
das músicas de "Brasilidade" ficou por conta dos "garotos". Estão ali hits absolutos como "Garota de Ipanema" (de Tom Jobim e
Vinicius de Moraes) e "Bye Bye,
Brasil" (de Menescal e Chico
Buarque), além de composições
de Menescal/Bossacucanova.
"Eu fiz o meu lado, toquei violão, fiz novas harmonias etc. Gostei muito, pois [o som" manteve
as harmonias da bossa nova, a
melodia como ela deve ser, e ganhou um vigor que não tinha",
avalia o músico e produtor.
Num momento em que o apetite dos europeus pela música brasileira aumenta a cada dia, "Brasilidade", lançado em março de
2001 no exterior, já chegou às 60
mil cópias vendidas lá fora.
"Acho que a música brasileira
nunca esteve tanto em evidência
na Europa. Nem na época de ouro
da bossa nova era assim. A música brasileira só não vai bem no
Brasil. O Ivan Lins, por exemplo,
no ano passado, tocou bastante
no exterior. No Japão, entrei numa Tower Records em Tóquio e
estava forrado de pôsteres da Joyce", conta o músico.
Mas como não cair no time de
projetos picaretas, que misturam
qualquer batuque brasileiro com
música eletrônica?
"Muita gente está aproveitando
essa onda. Resolvi aceitar porque
confio nos meninos. E tenho intimidade para fazer comentários,
dar broncas", diz Menescal.
Para a banda, trabalhar com um
dos pais da bossa nova foi o momento máximo da carreira.
"Acho que não vão acontecer coisas tão boas na minha vida quanto trabalhar com o Menescal", diz
o DJ Marcelinho da Lua. "Um cara com o currículo e com a sensibilidade que ele tem, não rola nenhuma frescura. Quando é para
desmontar o palco, por exemplo,
ele vai lá e pega no pesado."
Texto Anterior: Crítica: Disco é síntese californiana Próximo Texto: Grupo faz releitura moderna do estilo Índice
|