São Paulo, sexta-feira, 01 de março de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

"BRASILIDADE"

Aos 64, violonista participa de projeto do grupo Bossacucanova

Roberto Menescal entra na onda da bossa eletrônica

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos nomes mais importantes da primeira fase da bossa nova, Roberto Menescal, 64, incorporou recentemente palavras como "sample", DJ e "loops" ao seu cotidiano.
Isso porque o autor do clássico "O Barquinho" (com Ronaldo Bôscoli) se uniu ao grupo Bossacucanova para lançar "Brasilidade", disco de bossa eletrônica que acaba de sair pela Trama.
O grupo é formado por um baixista (Marcio Menescal, filho do violonista), um tecladista (Alexandre Moreira) e um DJ (Marcelinho da Lua). Os três "garotos", como Menescal se refere a eles, também são programadores.
A parceria Menescal/Bossacucanova começou quando Marcio pediu que o pai pensasse num novo arranjo para "O Barquinho".
A música, repaginada, entrou no primeiro disco da banda, "Revisited Classics", lançado em 99 pela gravadora belga Six Degrees, apenas na Europa. A mesma gravadora "descobriu" Bebel Gilberto e lançou "Tanto Tempo", disco que virou hit na Europa bem antes de sair no Brasil.
Menescal conta que a escolha das músicas de "Brasilidade" ficou por conta dos "garotos". Estão ali hits absolutos como "Garota de Ipanema" (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "Bye Bye, Brasil" (de Menescal e Chico Buarque), além de composições de Menescal/Bossacucanova.
"Eu fiz o meu lado, toquei violão, fiz novas harmonias etc. Gostei muito, pois [o som" manteve as harmonias da bossa nova, a melodia como ela deve ser, e ganhou um vigor que não tinha", avalia o músico e produtor.
Num momento em que o apetite dos europeus pela música brasileira aumenta a cada dia, "Brasilidade", lançado em março de 2001 no exterior, já chegou às 60 mil cópias vendidas lá fora.
"Acho que a música brasileira nunca esteve tanto em evidência na Europa. Nem na época de ouro da bossa nova era assim. A música brasileira só não vai bem no Brasil. O Ivan Lins, por exemplo, no ano passado, tocou bastante no exterior. No Japão, entrei numa Tower Records em Tóquio e estava forrado de pôsteres da Joyce", conta o músico.
Mas como não cair no time de projetos picaretas, que misturam qualquer batuque brasileiro com música eletrônica?
"Muita gente está aproveitando essa onda. Resolvi aceitar porque confio nos meninos. E tenho intimidade para fazer comentários, dar broncas", diz Menescal.
Para a banda, trabalhar com um dos pais da bossa nova foi o momento máximo da carreira. "Acho que não vão acontecer coisas tão boas na minha vida quanto trabalhar com o Menescal", diz o DJ Marcelinho da Lua. "Um cara com o currículo e com a sensibilidade que ele tem, não rola nenhuma frescura. Quando é para desmontar o palco, por exemplo, ele vai lá e pega no pesado."



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