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OS TRÊS FESTIVAIS
Jorge Benjor comanda noite africana
BRUNO GARCEZ
free-lance para a Folha
Jorge Benjor será o mestre de cerimônias da primeira noite do Heineken Concerts, que começa hoje
em São Paulo. O cantor apresenta
três convidados, que representam
a moderna música africana.
Arto Lindsay comanda a noite de
amanhã do Heineken em São Paulo. O guitarrista traz convidados
bastante ecléticos. A banda Nação
Zumbi, o guitarrista Vinícius Cantuária, o baixista Melvin Gibbs, o
tecladista Andres Levin, Cássia Eller e o DJ Spooky se apresentarão
com Lindsay.
As duas últimas noites da edição
paulista são capitaneadas pelo
produtor Liminha, que convida
artistas com os quais já trabalhou.
São eles, Paralamas do Sucesso,
Fernanda Abreu, Gabriel o Pensador, Cidade Negra e Lulu Santos,
no dia 3, e Titãs, Arnaldo Antunes,
O Rappa e Planet Hemp, no dia 4.
O festival terá ainda edições no
Rio, Curitiba e Porto Alegre. No
Rio, o Heineken acontece no Metropolitan (av. Ayrton Senna,
3.000, Unidade 1.005, Barra), nos
dias 1º e 2 de abril.
Em Porto Alegre, as apresentações acontecem nos dias 1º, 2 e 3
de abril no Teatro da Reitoria/Salão de Atos da UFRGS (rua Paulo
Gama, 110). A edição curitibana
do festival será no Teatro Guaíra
(rua 15 de Novembro, s/n, Centro)
nos dias 3 e 4 de abril.
Benjor é, no entender de seus
convidados, o nome certo para comandar a primeira noite. "Ele tem
raízes africanas", afirma o guitarrista malinês Ali Farka Touré.
"Mas Que Nada' (composta por
Benjor) foi uma das primeiras músicas brasileiras que escutei", diz a
cantora do Benin Angelique Kidjo.
Angelique diz que existem semelhanças entre ritmos brasileiros e
os de seu país. "Um dos estilos
musicais do Benin, o buniyan, é
parecido com samba. Foi um ritmo criado por filhos de portugueses e nativos."
O guitarrista Ali Farka Touré,
que já tocou com Ry Cooder e
John Lee Hooker, é conhecido como o "bluesman do deserto", rótulo que nega veementemente.
"Blues é uma palavra que não
tem significado para mim. É a música feita por descendentes de africanos nos EUA", afirma.
A maior influência que Ali Farka
afirma ter recebido foi, não de guitarristas, mas dos músicos de seu
país que tocam njarka, uma espécie de violino do norte da África.
"É obrigatório tocar njarka em
meus shows. Ela é a "mãe' de todas
as minhas músicas", diz.
O tecladista da República Democrática do Congo Ray Lema é um
pesquisador de ritmos e estudou
orquestração clássica. Seu disco de
86, "Médecine", é considerado pela crítica francesa um marco da
world music.
Benjor irá tocar com cada um
dos músicos africanos. Com Angelique, ele deve interpretar "Mas
Que Nada" e com Ray Lema, a
canção "Mala$ka".
No fim da noite, o músico brasileiro e os seus convidados deverão
interpretar juntos a canção "Mama África", de Benjor.
Não é a primeira vez que músicos africanos se apresentam no
Heineken Concerts. No ano passado, o violonista congolês Lokua
Kanza foi aplaudido de pé, na
mesma noite em que se apresentaram Djavan e Al Jarreau.
Diferentemente do último festival, quando o sul-africano Johny
Clegg se apresentou com Cidade
Negra e Mestre Ambrósio, na edição de 98, o Heineken dedica uma
noite exclusiva à música africana.
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