São Paulo, quarta, 1 de abril de 1998

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OS TRÊS FESTIVAIS
Jorge Benjor comanda noite africana

BRUNO GARCEZ
free-lance para a Folha

Jorge Benjor será o mestre de cerimônias da primeira noite do Heineken Concerts, que começa hoje em São Paulo. O cantor apresenta três convidados, que representam a moderna música africana.
Arto Lindsay comanda a noite de amanhã do Heineken em São Paulo. O guitarrista traz convidados bastante ecléticos. A banda Nação Zumbi, o guitarrista Vinícius Cantuária, o baixista Melvin Gibbs, o tecladista Andres Levin, Cássia Eller e o DJ Spooky se apresentarão com Lindsay.
As duas últimas noites da edição paulista são capitaneadas pelo produtor Liminha, que convida artistas com os quais já trabalhou. São eles, Paralamas do Sucesso, Fernanda Abreu, Gabriel o Pensador, Cidade Negra e Lulu Santos, no dia 3, e Titãs, Arnaldo Antunes, O Rappa e Planet Hemp, no dia 4.
O festival terá ainda edições no Rio, Curitiba e Porto Alegre. No Rio, o Heineken acontece no Metropolitan (av. Ayrton Senna, 3.000, Unidade 1.005, Barra), nos dias 1º e 2 de abril.
Em Porto Alegre, as apresentações acontecem nos dias 1º, 2 e 3 de abril no Teatro da Reitoria/Salão de Atos da UFRGS (rua Paulo Gama, 110). A edição curitibana do festival será no Teatro Guaíra (rua 15 de Novembro, s/n, Centro) nos dias 3 e 4 de abril.
Benjor é, no entender de seus convidados, o nome certo para comandar a primeira noite. "Ele tem raízes africanas", afirma o guitarrista malinês Ali Farka Touré.
"Mas Que Nada' (composta por Benjor) foi uma das primeiras músicas brasileiras que escutei", diz a cantora do Benin Angelique Kidjo.
Angelique diz que existem semelhanças entre ritmos brasileiros e os de seu país. "Um dos estilos musicais do Benin, o buniyan, é parecido com samba. Foi um ritmo criado por filhos de portugueses e nativos."
O guitarrista Ali Farka Touré, que já tocou com Ry Cooder e John Lee Hooker, é conhecido como o "bluesman do deserto", rótulo que nega veementemente.
"Blues é uma palavra que não tem significado para mim. É a música feita por descendentes de africanos nos EUA", afirma.
A maior influência que Ali Farka afirma ter recebido foi, não de guitarristas, mas dos músicos de seu país que tocam njarka, uma espécie de violino do norte da África.
"É obrigatório tocar njarka em meus shows. Ela é a "mãe' de todas as minhas músicas", diz.
O tecladista da República Democrática do Congo Ray Lema é um pesquisador de ritmos e estudou orquestração clássica. Seu disco de 86, "Médecine", é considerado pela crítica francesa um marco da world music.
Benjor irá tocar com cada um dos músicos africanos. Com Angelique, ele deve interpretar "Mas Que Nada" e com Ray Lema, a canção "Mala$ka".
No fim da noite, o músico brasileiro e os seus convidados deverão interpretar juntos a canção "Mama África", de Benjor.
Não é a primeira vez que músicos africanos se apresentam no Heineken Concerts. No ano passado, o violonista congolês Lokua Kanza foi aplaudido de pé, na mesma noite em que se apresentaram Djavan e Al Jarreau.
Diferentemente do último festival, quando o sul-africano Johny Clegg se apresentou com Cidade Negra e Mestre Ambrósio, na edição de 98, o Heineken dedica uma noite exclusiva à música africana.



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