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"Duas Caras" dá lugar a duas suspeitas
João Emanuel Carneiro promete "barulho" com "A Favorita", em que a má pode tanto ser Claudia Raia quanto Patrícia Pillar
Autor de 36 anos estréia no
horário das 21h, amanhã, na
Globo, querendo manter
"dinâmica" de suas novelas
bem-sucedidas das 19h
PAULO SAMPAIO
DA SUCURSAL DO RIO
De certa forma, "A Favorita",
novela que estréia amanhã no
lugar de "Duas Caras", já nasce
protegida de eventuais críticas
sobre falta de coerência. Como
desde o início não se sabe se a
má da história é Donatela
(Claudia Raia) ou Flora (Patrícia Pillar), a margem de manobra do autor em caso de emergência é grande.
"Eu nunca disse que a verdadeira vilã só será mostrada no
fim da novela. Muitos fatores
contribuirão na hora do veredicto. Desde a química da novela no ar, passando pelas atrizes,
até a reação do público", diz
João Emanuel Carneiro, 36,
que estréia no horário das 21h.
Flora e Donatela nasceram
pobres, cresceram juntas e chegaram a formar uma dupla sertaneja na juventude. Namoraram, casaram e permaneceram
amigas, até que uma delas, ninguém sabe qual (segundo Carneiro, nem ele mesmo), matou
Marcelo, marido de Donatela e
amante de Flora -que estava
grávida. Flora foi acusada do
crime, julgada e condenada.
Sai da cadeia no primeiro capítulo, depois de 18 anos presa,
disposta a conquistar o amor da
filha, Lara (Mariana Ximenes),
e colocar os pingos nos is. A menina foi criada por Donatela,
que, segundo Flora, é a verdadeira assassina de Marcelo.
Roteirista premiado do filme
"Central do Brasil" (1998), João
Emanuel Carneiro foi alçado ao
horário nobre graças aos bons
resultados de audiência de suas
novelas às 19h (a de estréia, "Da
Cor do Pecado", 2004, e "Cobras e Lagartos", 2006).
"João é um autor maduro, teve um desempenho excepcional anteriormente e desta vez
trouxe uma novela cuja densidade temática sugeria a sua exibição no horário das oito", justifica a assessoria da emissora.
Abordagem diferente
O diretor Ricardo Waddington, que trabalha pela primeira
vez com Carneiro, acredita que
o autor leve a vantagem de ser
jovem o suficiente para não ter
participado da geração que
criou o formato telenovela. Antes de ser autor, diz Waddington, João foi telespectador, e isso garante uma abordagem diferente.
Carneiro, por sua vez, afirma
que Waddington é o "diretor
ideal" para levar o humor e a
agilidade das 19h para as 21h.
"Acho que trago para o horário
nobre o barulho, a energia, a dinâmica das minhas novelas.
Acontece muita coisa na "Favorita", e com rapidez."
Porém, diz o autor, em uma
novela das 21h, a trama "deve
partir da identificação das pessoas com as situações vividas".
Talvez por isso os atores elogiem tanto o texto de Carneiro.
"É mais fácil acreditar em um
personagem quando ele é de
verdade", diz Taís Araújo, que
interpreta Alícia. Patrícia Pillar
endossa: "Ele escreve bem, você se envolve com a trama. Isso
faz a diferença".
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