São Paulo, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"PERDIDOS EM NOVA YORK"

Martin salva o filme

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Steve Martin, Goldie Hawn, Neil Simon, refilmagem. Quatro elementos bem conhecidos das comédias de Hollywood nos últimos tempos. Estão todos juntos em "Perdidos em Nova York", que não consegue ir além de ser um filme morno, com alguns bons momentos de Martin.
As comédias recentes produzidas nos EUA estão cada vez mais grosseiras, e "Perdidos em Nova York" tem o mérito de tentar fazer o espectador rir de situações engraçadas, construídas com inteligência. Como material desse tipo sumiu do mercado, a idéia de refilmar "Forasteiros em Nova York", estrelada por Jack Lemmon em 1970, foi a solução.
O filme original não chegou a ser um tremendo sucesso. Lemmon e Sandy Dennis interpretam o casal de Ohio que vai a Nova York para uma reunião de negócios do marido e só entra em confusões. O texto tem a assinatura de Neil Simon, um dos maiores nomes da comédia verborrágica na Broadway, e um autor com uma longa e bem-sucedida lista de peças adaptadas ao cinema.
Parece que a coisa desandou mesmo na direção fraca de Arthur Hiller. Lemmon exagera na composição do personagem rabugento e afasta o espectador.
Na nova versão, Steve Martin se sai bem. É bom lembrar que o ator tem uma longa fileira de personagens rabugentos. Martin é ótimo como o sujeito comum envolvido em situações absurdas.
Ele é Henry Clark, publicitário de Ohio, cinquentão, com os filhos na faculdade e uma mulher dedicada, que abandonou a carreira na propaganda para cuidar da família. Henry é despedido, esconde isso da mulher, Nancy, e aceita fazer uma entrevista em Nova York para um emprego. Mas Nancy acaba viajando com ele, e o pesadelo começa.
Avião desviado para Boston, malas extraviadas, brigas, assalto, cadeia, atentado ao pudor, arriscar a vida pendurado num arranha-céu. Tudo isso e mais o tratamento esnobe dos nova-iorquinos vão enlouquecendo Henry.
Se Steve Martin acerta o tom do revoltado publicitário, o mesmo não pode ser dito de Goldie Hawn. Seu personagem é frouxo. Nancy não convence como o ponto de apoio de que Henry precisa em seu iminente ataque de nervos. John Cleese, ex-Monty Python, não tem muito a fazer num papel pequeno e ridículo.
A direção de Sam Weisman não dá um ritmo eficiente à história, e o pouco de bom "timing" de comédia é cortesia de Martin, que salva muitas cenas.
Talvez o filme renda mais em vídeo, aproveitando a redução do padrão de exigência do espectador caseiro. Quem sai do conforto do lar para ir ao cinema espera um pouco mais.


Avaliação:   



Filme: Perdidos em Nova York
Diretor: Sam Weisman
Produção: EUA, 1999
Com: Steve Martin, Goldie Hawn
Quando: a partir de hoje, nos cines Iguatemi 1, Interlagos 6 e circuito


Texto Anterior: "O Paizão": Produção é para fãs de Adam Sandler -e só
Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: Da arte de caçar rolinhas nos quintais baldios
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.