DA REPORTAGEM LOCAL

"Estamos vivendo num tribunal cultural" afirma logo no prólogo o nova-iorquino John Patrick Shanley (1950), sobre "Dúvida", a peça com a qual levou, entre outros prêmios, o Tony 2005 -o Oscar do teatro nos EUA- de melhor texto.
"Vivemos uma cultura de advocacia extrema, de confronto, de julgamento e veredicto. A discussão foi substituída pelo debate. A comunicação tornou-se briga de vontades. O discurso público tornou-se detestável e falso. Por quê? Porque, talvez, por trás desta falação tenham chegado a um ponto em que sabemos que não sabemos nada.
Mas. Ninguém admite isso." O argumento soa propício ao dia de eleições, mas diz respeito à parábola em que o autor coloca em xeque verdades absolutas e prega o aprendizado "com a totalidade da incerteza".
Sob direção do cineasta Bruno Barreto, em primeira incursão pelo teatro, o espetáculo faz a segunda semana de ensaios abertos em SP e pré-estréia na próxima quinta-feira, no teatro Shopping Frei Caneca.
Estamos em 1964, no Bronx, NY. Regina Braga interpreta Irmã Aloysius, que dirige com mão-de-ferro uma escola católica. Calculista, ela costura o afastamento de padre Flynn (Dan Stulbach), acusando-o de um crime. (VS)