FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre contar a verdade sobre a epidemia da Aids na África, o que geraria uma história sobre exploração, governantes irresponsáveis e ganância, ou culpar as vítimas, o jornalista negro Sorious Samura decidiu pela segunda opção.
No documentário "Living with Aids" (vivendo com Aids), que a rede CNN exibe hoje em comemoração do Dia Mundial de Luta contra a Aids, Samura chega ao cúmulo de fazer um discurso sobre vergonha a um jovem doente e pouco instruído que lhe diz que não usa camisinha com as companheiras eventuais.
Ao trabalhar como enfermeiro no Zaire, repetidas vezes chama por Jesus Cristo, chora, enquanto escancara a dor de entrevistados que acabam de saber da morte de crianças.
"Big Brother Aids", documentário exibido hoje na GNT, fez outra opção. Retrata a vida de protagonistas na luta contra a epidemia em Uganda, como a enfermeira Mama Joyce e o estudante soropositivo Henry Luyomba. Em resumo, os personagens tentam fazer alguma coisa frente à ausência de uma política de tratamento. O filme erra apenas ao dizer que a doença surgiu no país, em 1982 -na verdade, se alastrou a partir de 1977.
O título faz referência ao momento em que a Uganda parou para saber quem seria o vencedor de um ousado "Big Brother".
Mama Joyce, enfermeira de 59 anos responsável por uma ONG de defesa dos soropositivos, percorre as casas, chama a população para os testes, ouve as histórias de uma mãe que fez um cemitério no quintal para enterrar todos os filhos vítimas da Aids.
Recentemente, o presidente Lula disse que tem o melhor programa gratuito contra a doença e até fez a promessa de quebrar patentes para construir centrais de fabricação de remédios. A África aguarda os próximos discursos.