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Fábio Júnior, Gugu Liberato, Fagner e Mauricio de Sousa concorrem à licitação para criar emissoras
Artistas disputam novas concessões de canais de TV
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
Maurício de Souza, Gugu Liberato, Fábio Júnior e o cantor Raimundo Fagner poderão ser os próximos proprietários de emissoras
de televisão do Brasil.
Para surpresa geral, eles derrotaram grandes grupos de comunicação (como SBT e Record) na fase
preliminar da licitação para novas
concessões de TV, aberta pelo Ministério das Comunicações.
Maurício de Souza concorre a
uma emissora de TV em Mogi das
Cruzes (SP) com sua empresa Lojinha da Mônica. A mesma concessão está sendo disputada pelo cantor e ator Fábio Júnior, sócio da
empresa Sistema Astral de Comunicação Ltda.
Fábio Júnior está também no páreo para uma concessão de TV em
Santos à qual concorre ainda a empresa Sistema Liberato de Comunicação Ltda., do apresentador do
SBT Gugu Liberato. O sonho de
Gugu em ter sua televisão é antigo,
mas o interesse de Fábio Júnior
causou espanto no meio televisivo.
Havia quatro pesos-pesados na
licitação para Santos: SBT, Bandeirantes, Record e Rede Mulher, mas
nenhum deles passou pelo crivo
do Ministério das Comunicações.
Todos foram eliminados na fase
elementar da qualificação dos documentos. A lista dos habilitados
foi divulgada no "Diário Oficial da
União" no último dia 17.
No Ceará, não foi menor a surpresa quando a empresa Rede
União de Rádio e Televisão -da
qual é sócio o cantor Raimundo
Fagner- derrotou outros quatro
candidatos a uma concessão de TV
em Fortaleza. Entre os concorrentes estava a poderosa TV Verdes
Mares, afiliada local da Globo.
Como explicar tal zebra e o que
pretendem esses artistas ao se candidatarem a concessionários de televisão?
A resposta para a primeira pergunta é dada pelo empresário cearense José Alberto Bardawil, ele
próprio um quase desconhecido
entre os empresários de radiodifusão. Bardawil comprou, dez anos
atrás, uma licença -diferente de
concessão, por ser provisória-
para retransmitir sinais de TV no
Acre e, assim, se tornou afiliado
local da Bandeirantes.
Ele foi a pessoa que convenceu
Fagner, no Ceará, e Fábio Júnior,
em São Paulo, a disputarem as
concessões de TV com grandes
grupos que estão estabelecidos no
mercado. Segundo ele, as emissoras tradicionais acabaram desclassificadas por excesso de autoconfiança. "Elas delegaram a empregados toda a responsabilidade pela
documentação exigida pelo ministério. Eu, ao contrário, vistoriei cada papel. Os grandes não deram
atenção aos detalhes e, por isso,
perderam", afirma.
José Alberto Bardawil fala pouco
sobre sua trajetória. Diz que foi diretor do banco Real, no Líbano, e
que há três meses inaugurou um
canal de TV no Distrito Federal
-Rede Brasiliense de Comunicação-, com programação voltada
para noticiário e videoclipes de
shows. É ainda proprietário da joalheria Candotti, na capital federal.
Ele diz que tem planos de montar
uma rede nacional de televisão,
tendo artistas como sócios em cada Estado. Em Goiás, fará parceria
com uma dupla sertaneja, cujo nome mantém em sigilo. Questionado sobre os investimentos que irá
fazer, desconversa e diz que não é
preciso muito dinheiro para colocar uma TV em funcionamento.
O cantor Raimundo Fagner e seu
sócio Bardawil são os virtuais concessionários do novo canal de TV
em Fortaleza, pois todos os demais
candidatos foram desqualificados
pela comissão de licitação.
Fagner, que já possui uma rádio
FM em Orós (CE), cidade onde
nasceu, diz que pretende fazer
uma programação alternativa, valorizando a cultura do Nordeste.
"O Nordeste é quase um país independente e não precisa dessa
mentira, desse câncer, chamado
globalização", afirma o cantor.
Fagner diz que não está preocupado em disputar audiência com
as grandes emissoras: "Qualidade
é o que interessa. Não estou preocupado com pontos no Ibope".
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