São Paulo, sexta, 2 de janeiro de 1998.




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Fábio Júnior, Gugu Liberato, Fagner e Mauricio de Sousa concorrem à licitação para criar emissoras
Artistas disputam novas concessões de canais de TV

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

Maurício de Souza, Gugu Liberato, Fábio Júnior e o cantor Raimundo Fagner poderão ser os próximos proprietários de emissoras de televisão do Brasil.
Para surpresa geral, eles derrotaram grandes grupos de comunicação (como SBT e Record) na fase preliminar da licitação para novas concessões de TV, aberta pelo Ministério das Comunicações.
Maurício de Souza concorre a uma emissora de TV em Mogi das Cruzes (SP) com sua empresa Lojinha da Mônica. A mesma concessão está sendo disputada pelo cantor e ator Fábio Júnior, sócio da empresa Sistema Astral de Comunicação Ltda.
Fábio Júnior está também no páreo para uma concessão de TV em Santos à qual concorre ainda a empresa Sistema Liberato de Comunicação Ltda., do apresentador do SBT Gugu Liberato. O sonho de Gugu em ter sua televisão é antigo, mas o interesse de Fábio Júnior causou espanto no meio televisivo.
Havia quatro pesos-pesados na licitação para Santos: SBT, Bandeirantes, Record e Rede Mulher, mas nenhum deles passou pelo crivo do Ministério das Comunicações. Todos foram eliminados na fase elementar da qualificação dos documentos. A lista dos habilitados foi divulgada no "Diário Oficial da União" no último dia 17.
No Ceará, não foi menor a surpresa quando a empresa Rede União de Rádio e Televisão -da qual é sócio o cantor Raimundo Fagner- derrotou outros quatro candidatos a uma concessão de TV em Fortaleza. Entre os concorrentes estava a poderosa TV Verdes Mares, afiliada local da Globo.
Como explicar tal zebra e o que pretendem esses artistas ao se candidatarem a concessionários de televisão?
A resposta para a primeira pergunta é dada pelo empresário cearense José Alberto Bardawil, ele próprio um quase desconhecido entre os empresários de radiodifusão. Bardawil comprou, dez anos atrás, uma licença -diferente de concessão, por ser provisória- para retransmitir sinais de TV no Acre e, assim, se tornou afiliado local da Bandeirantes.
Ele foi a pessoa que convenceu Fagner, no Ceará, e Fábio Júnior, em São Paulo, a disputarem as concessões de TV com grandes grupos que estão estabelecidos no mercado. Segundo ele, as emissoras tradicionais acabaram desclassificadas por excesso de autoconfiança. "Elas delegaram a empregados toda a responsabilidade pela documentação exigida pelo ministério. Eu, ao contrário, vistoriei cada papel. Os grandes não deram atenção aos detalhes e, por isso, perderam", afirma.
José Alberto Bardawil fala pouco sobre sua trajetória. Diz que foi diretor do banco Real, no Líbano, e que há três meses inaugurou um canal de TV no Distrito Federal -Rede Brasiliense de Comunicação-, com programação voltada para noticiário e videoclipes de shows. É ainda proprietário da joalheria Candotti, na capital federal.
Ele diz que tem planos de montar uma rede nacional de televisão, tendo artistas como sócios em cada Estado. Em Goiás, fará parceria com uma dupla sertaneja, cujo nome mantém em sigilo. Questionado sobre os investimentos que irá fazer, desconversa e diz que não é preciso muito dinheiro para colocar uma TV em funcionamento.
O cantor Raimundo Fagner e seu sócio Bardawil são os virtuais concessionários do novo canal de TV em Fortaleza, pois todos os demais candidatos foram desqualificados pela comissão de licitação.
Fagner, que já possui uma rádio FM em Orós (CE), cidade onde nasceu, diz que pretende fazer uma programação alternativa, valorizando a cultura do Nordeste.
"O Nordeste é quase um país independente e não precisa dessa mentira, desse câncer, chamado globalização", afirma o cantor.
Fagner diz que não está preocupado em disputar audiência com as grandes emissoras: "Qualidade é o que interessa. Não estou preocupado com pontos no Ibope".



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