especial para a Folha

Programas de culinária costumam insistir numa fórmula televisiva esgotada -aquela em que alguém executa receitas, e pronto. Mas há público, e a fórmula então se repete com poucas variações.
A mais comum é ter um apresentador engraçado (ou tentando ser). Como faz o "Frugal Gourmet". E também o chef espanhol Karlos Arguiñano, que agora volta às telas brasileiras no canal Eurochannel, da TVA (a estréia é hoje, às 11h, e a exibição será diária, às 11h e às 18h).
Aos 49 anos, Arguiñano tem seu próprio restaurante desde 1979, onde pratica uma cozinha basca modernizada. Dez anos depois entrava na televisão. Hoje, transmitido para todos os continentes, tem, segundo seu divulgadores, 60 milhões de espectadores.
O programa que estréia hoje representa bem seu estilo. Ele entra em cena rebolando, com alcachofras na cabeça. Faz delas microfone e canta de improviso. Divaga sobre futebol (investindo contra Bebeto, Romário e outros estrangeiros que ganham milhões enquanto os pobres espanhóis são esquecidos).
Confunde-se sobre qual panela não usar com alcachofras (cobre? ferro? alumínio?). Conta suas impressões de viagem. E nos intervalos ensina a fazer alcachofras com moela de pato.
Arguiñano ensina receitas espanholas com explicações didáticas que dispensariam tanta macaquice. Há formas melhores de contornar o principal dilema dos programas de receitas, o fato de terem um ritmo pouco televisivo.
A melhor (no fundo, a única) novidade é um quadro dedicado às crianças: um desenho animado que passa informações sobre a história da culinária, seus equipamentos, além de uma receita. O desenho é bastante informativo, tem conteúdo e pouca gracinha.
Parece que os produtores perceberam que criança sabe que há muito o que aprender e conhecer na gastronomia, e que isso pode ser transmitido de maneira prazerosa sem ser necessário apelar para tanto pretenso bom humor. (JM)



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