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Irlandês aproxima Brasil e EUA em projeto com bambas da bateria e DJs de hip hop
Batidas perfeitas
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ao colidir uma turma de amigos
DJs com velhos ícones do funk
dos anos 60 e 70, o fotógrafo irlandês Brian Cross detonou uma pequena bomba de percussão.
"A idéia inicial era simples: filmar a reação de bateristas da velha guarda e DJs de hip hop quando ambos tocassem juntos numa
mesma sala", explica o fotógrafo e
diretor do documentário "Keepintime", que será lançado neste
mês no Japão e, por aqui, está sendo negociado pela Trama.
"No início houve um certo excesso de respeito por parte dos
DJs e um certo preconceito por
parte dos bateristas", lembra ele,
que também atende pelo pseudônimo B+ (B-plus). "Mas não demorou muito tempo para que eles
entendessem que estavam falando a mesma língua."
O que viu naquele dia foi uma
jam session explosiva -e não poderia ser diferente. Do lado dos
bateristas, estavam bambas como
o veterano Paul Humphrey (baterista de Marvin Gaye no disco
"Let's Get It On", de 73, que ainda
tocou com Jimmy Smith, John
Coltrane, Frank Zappa e Steely
Dan), Derf Reklaw (baterista dos
Pharoahs, que já segurou baquetas para Curtis Mayfield, Minnie
Ripperton e Donny Hathaway) e
James Gadson (fundador do
Earth Wind and Fire, que atualmente toca na banda de Beck).
Do lado dos DJs, parte da nata
da Costa Oeste americana: Cut
Chemist e o DJ Numark (do Jurassic 5), Shorkut (dos Invisible
Skratch Piklz), o virtuoso Madlib
e a dupla Beat Junkies, formada
por Babu e J-Rocc. "Os bateristas
ficavam olhando torto o pessoal
"tocando discos", mas quando Cut
começou a fazer os primeiros
scratches e foi seguido, instantaneamente, por Humphrey, todos
nós percebemos que aquilo era
muito mais sério do que podíamos imaginar."
O próximo passo foi pensar em
como conseguir dinheiro para financiar o projeto. "Aí eu conheci
os caras da revista japonesa "Tokion", que estavam interessados
em reunir bateristas da velha
guarda para uma sessão de fotos.
Juntei uma coisa com a outra e assim nasceu o "Keepintime"."
Seguiu-se uma série de pequenos shows num clube de Los Angeles conhecido como El Rey,
bancada pela revista japonesa,
que resolveu lançar ainda um pacote com o CD e o DVD registrando uma das jam sessions.
"Keepintime" sai primeiro no
Japão, porque foram os japoneses
que bancaram o projeto, mas em
abril ele já estará sendo vendido
em www.keepintime.com.
"Ao que tudo indica, o Brasil será o segundo país a lançá-lo, antes
da Europa e dos Estados Unidos",
adianta Cross, que esteve em São
Paulo duas semanas atrás.
O interesse brasileiro certamente vem acompanhado da segunda
etapa do projeto "Keepintime",
que trouxe o mesmo elenco das
apresentações em Los Angeles para uma apresentação no segundo
semestre de 2002, na casa de
shows Urbano, em São Paulo.
Naquela segunda-feira, 25 de
novembro, além de todos os nomes presentes na gravação de
"Keepintime", um time de quatro
brasileiros completou o choque
percussivo. E que time: além do
DJ Nutz, estavam presentes mestres do ritmo como João Parahyba (do Trio Mocotó), Mamão (do
trio Azymuth) e o lendário Wilson das Neves, que dispensa apresentações.
O público assistiu a três horas
de uma trovoada rítmica de proporções bíblicas, com direito a intervenções de um teclado elétrico
e dos espasmos de ruído manipulados pelos mixers e vitrolas dos
DJs. A versão brasileira, já batizada de "Brazilintime", é o segundo
projeto da série, ainda sem nome
genérico, mas que já tem seus
próximos capítulos em vista.
"Quero levar esse pessoal para
fazer esse mesmo tipo de show na
Nigéria, em Nova Orleans e em
Miami", planeja Cross. "Mas em
2004 eu vou me dedicar a lançar
esses dois DVDs." A idéia é que os
CDs serão acompanhados das trilhas sonoras dos filmes, sempre
remixadas por alguns dos DJs
presentes no show.
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