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CINEMA
Crítica/"Os EUA contra John Lennon"
Documentário faz boa contextualização do ativismo de ex-beatle
Filme narra o processo de deportação de John Lennon e Yoko Ono dos Estados Unidos no início dos anos 1970
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1972, Richard Nixon
buscava se reeleger
presidente dos EUA em
meio ao crescimento de movimentos populares contrários
tanto à Guerra do Vietnã quanto ao preconceito racial. E por
que raios um rockstar tinha que
se meter no meio disso?
É mais ou menos o que diz
um ex-agente policial norte-americano a respeito de John
Lennon (1940-1980), em entrevista que está no documentário
"Os EUA contra John Lennon".
Dirigido por David Leaf e
John Scheinfeld, esse filme de
2006 finalmente estreia no circuito paulistano de cinema.
O documentário se debruça
sobre uma vasta quantidade de
material de arquivo, como fotos
e vídeos, além de entrevistas
com gente como Yoko Ono,
agentes do FBI, os jornalistas
Walter Cronkite e Carl Bernstein, enfim, pessoas que estavam próximas ao que ocorreu à
época (final dos anos 1960/início dos 1970).
Desde a metade dos anos
1960, a vida de Lennon passou a
sofrer "monitoramento" das
autoridades tanto dos EUA
quanto do Reino Unido devido
ao seu constante envolvimento
em causas como gente sendo
presa sem passar por julgamento na Irlanda do Norte.
Panteras Negras
Ao mudar-se para Nova York
com Yoko, o beatle tornou-se
próximo de grupos como os
Panteras Negras. Lennon, por
exemplo, levou Bobby Seale,
um integrante dos PN, a um
"talk show" na TV americana e
fez campanha pela libertação
de John Sinclair, poeta e ativista que havia sido condenado a
dez anos de prisão por ter dado
dois baseados a uma policial
disfarçada (Sinclair foi, também, empresário da banda proto-punk MC5).
Lennon ajudou a organizar
um concerto para Sinclair, no
qual estavam presentes Allen
Ginsberg e Stevie Wonder
(Lennon ainda compôs a faixa
"John Sinclair"). Dias depois
do evento, Sinclair foi solto.
Em lua de mel com Yoko,
Lennon e a mulher fizeram o
famoso protesto "bed-in" em
hotel em Amsterdã, contra a
Guerra do Vietnã. Repetiram a
iniciativa em Montréal (Canadá). O autor de "Give Peace a
Chance" estava se tornando inconveniente ao governo Nixon
em um ano de eleição -e ano
em que o direito a voto nos
EUA baixou de 21 para 18 anos.
Então, em 1972, veio o processo de deportação de Lennon. A desculpa: Lennon havia
sido pego com drogas no Reino
Unido anos antes. O ex-Beatle e
Yoko então contrataram um
advogado especializado em
imigração para defendê-los.
Polêmicas
O ponto central de "Os EUA
contra John Lennon" é claramente o processo de deportação, embora o filme dedique relativamente pouco tempo ao
processo em si.
O documentário procura
buscar as causas que levaram
Lennon a se tornar um rebelde,
um rockstar que se tornou um
ativista em favor da paz.
Assim, vai atrás desde a juventude em Liverpool até entrevistas nos anos 1960 em que
ele fazia declarações polêmicas
como "Os Beatles são mais populares do que Jesus Cristo".
Há certa dose de sentimentalismos, saídas principalmente
de Yoko e do escritor e ativista
paquistanês Tariq Ali.
Mas o filme proporciona
uma ótima contextualização
política e social graças a depoimentos de nomes como o escritor Gore Vidal.
OS EUA CONTRA JOHN LENNON
Diretor: David Leaf e John Scheinfeld
Produção: EUA, 2006
Onde: em cartaz no Cine Bombril 1, Frei
Caneca Unibanco Arteplex 5 e Espaço
Unibanco Pompeia 7
Classificação: 18 anos
Avaliação: bom
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