São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERSONALIDADE

Opereta baseada em "O Cavalinho Azul" e livro sobre os 50 anos de O Tablado vão homenagear autora

Amigos dão adeus a Maria Clara Machado

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

"Ela é o nosso Chaplin. Sabia contar histórias para todas as idades de uma maneira lúdica e transformadora." Foi assim que o ator Ernesto Piccolo definiu o trabalho de Maria Clara Machado, considerada a maior autora de teatro infantil do país, durante o seu velório ontem no Rio.
Maria Clara morreu de linfoma, anteontem à noite, aos 80 anos. Diversos artistas, como as atrizes Natália Thimberg e Cininha de Paula e o diretor de teatro Amir Haddad, também foram prestar homenagem na capela do Patronato da Gávea, na Lagoa, zona sul da cidade, onde o corpo da autora foi velado, próximo ao teatro O Tablado, que ela fundou em 1951.
"Ela conseguiu ao mesmo tempo fazer teatro infantil para adultos e teatro adulto para crianças", resumiu Amir Haddad, para quem a peça mais emblemática de Maria Clara Machado, "Pluft, o Fantasminha" (1955), é um divisor de águas. Estaria para o teatro infantil assim como "Vestido de Noiva" (1943), de Nelson Rodrigues, para o teatro adulto.
"É uma virada. Com sua qualidade poética e a liberdade de linguagem, Maria Clara ultrapassou o realismo ou o infantilismo que havia no gênero."
Autora, diretora e professora de teatro, Maria Clara fundou em 1951 o teatro O Tablado, que formou várias gerações de atores como Louise Cardoso, Wolf Maya, Malu Mader e Cininha de Paula.
"Ela é a minha história. Tinha 12 anos quando vim para O Tablado", lembrou Cininha de Paula. A atriz Sura Berditchevsky contou sobre a época em que O Tablado tinha apenas duas turmas, com cerca de 60 alunos, no começo dos anos 70. Hoje, são mais de 500.
Nos últimos anos, Maria Clara tocava O Tablado com sua sobrinha, a diretora Cacá Mourthé, com quem escreveu sua última peça, "Jonas e a Baleia", no ano passado. A autora tinha vontade de escrever outra peça neste ano.
"Nos últimos meses, por causa da quimioterapia, ela estava usando muito chapéu e teve a idéia de escrever a peça "O Menino do Chapéu". Mas sua saúde não permitiu", afirmou Cacá Mourthé.
Essa seria a peça com a qual Maria Clara pretendia comemorar os 50 anos de fundação de O Tablado, em outubro. No lugar dela, o músico e comediante Tim Rescala vai preparar uma opereta em torno da peça "O Cavalinho Azul" (1960). Um livro sobre os 50 anos do Tablado também está sendo escrito por Marta Rosman, ex-aluna de Maria Clara.
O prefeito do Rio, Cesar Maia, também foi ontem ao velório. O enterro estava marcado para as 16h de ontem, no cemitério do Caju, zona norte do Rio.


Texto Anterior: Net cetera - Sérgio Dávila: A inteligência real de Steven Spielberg
Próximo Texto: Repercussão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.