|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERSONALIDADE
Opereta baseada em "O Cavalinho Azul" e livro sobre os 50 anos de O Tablado vão homenagear autora
Amigos dão adeus a Maria Clara Machado
CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO
"Ela é o nosso Chaplin. Sabia
contar histórias para todas as idades de uma maneira lúdica e
transformadora." Foi assim que o
ator Ernesto Piccolo definiu o trabalho de Maria Clara Machado,
considerada a maior autora de
teatro infantil do país, durante o
seu velório ontem no Rio.
Maria Clara morreu de linfoma,
anteontem à noite, aos 80 anos.
Diversos artistas, como as atrizes
Natália Thimberg e Cininha de
Paula e o diretor de teatro Amir
Haddad, também foram prestar
homenagem na capela do Patronato da Gávea, na Lagoa, zona sul
da cidade, onde o corpo da autora
foi velado, próximo ao teatro O
Tablado, que ela fundou em 1951.
"Ela conseguiu ao mesmo tempo fazer teatro infantil para adultos e teatro adulto para crianças",
resumiu Amir Haddad, para
quem a peça mais emblemática
de Maria Clara Machado, "Pluft, o
Fantasminha" (1955), é um divisor de águas. Estaria para o teatro
infantil assim como "Vestido de
Noiva" (1943), de Nelson Rodrigues, para o teatro adulto.
"É uma virada. Com sua qualidade poética e a liberdade de linguagem, Maria Clara ultrapassou
o realismo ou o infantilismo que
havia no gênero."
Autora, diretora e professora de
teatro, Maria Clara fundou em
1951 o teatro O Tablado, que formou várias gerações de atores como Louise Cardoso, Wolf Maya,
Malu Mader e Cininha de Paula.
"Ela é a minha história. Tinha 12
anos quando vim para O Tablado", lembrou Cininha de Paula. A
atriz Sura Berditchevsky contou
sobre a época em que O Tablado
tinha apenas duas turmas, com
cerca de 60 alunos, no começo dos
anos 70. Hoje, são mais de 500.
Nos últimos anos, Maria Clara
tocava O Tablado com sua sobrinha, a diretora Cacá Mourthé,
com quem escreveu sua última
peça, "Jonas e a Baleia", no ano
passado. A autora tinha vontade
de escrever outra peça neste ano.
"Nos últimos meses, por causa
da quimioterapia, ela estava usando muito chapéu e teve a idéia de
escrever a peça "O Menino do
Chapéu". Mas sua saúde não permitiu", afirmou Cacá Mourthé.
Essa seria a peça com a qual Maria Clara pretendia comemorar os
50 anos de fundação de O Tablado, em outubro. No lugar dela, o
músico e comediante Tim Rescala
vai preparar uma opereta em torno da peça "O Cavalinho Azul"
(1960). Um livro sobre os 50 anos
do Tablado também está sendo
escrito por Marta Rosman, ex-aluna de Maria Clara.
O prefeito do Rio, Cesar Maia,
também foi ontem ao velório. O
enterro estava marcado para as
16h de ontem, no cemitério do
Caju, zona norte do Rio.
Texto Anterior: Net cetera - Sérgio Dávila: A inteligência real de Steven Spielberg Próximo Texto: Repercussão Índice
|