São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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ARTES CÊNICAS

Coordenadora do grupo inglês participa de mesa-redonda em SP

Royal Court reafirma drama do país

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A dramaturgia transborda em São Paulo e no país. A coordenadora de assuntos internacionais do Royal Court Theatre, Elyse Dodgson, volta à cidade na próxima segunda-feira para participar de mesa-redonda no Centro Cultural São Paulo dentro do ciclo Nova Dramaturgia, que começa hoje e programa leitura de seis textos.
Também a partir de hoje, o grupo Oficina, dirigido por José Celso Martinez Corrêa, percorre dez bairros da cidade em "Encontro com Os Sertões", série de dez leituras de adaptação da obra de Euclydes da Cunha.
A Cia. Teatro X abriu anteontem o seu 3º Encontro da Nova Dramaturgia, que acontece em todas as terças de maio. A Sociedade Lítero-Dramática Gastão Tojeiro segue com seus encontros. Enfim, são movimentações em torno de autores -e sempre com entrada franca.
Fundado em 1870, em Londres, o Royal Court é um dos principais centros de pesquisa teatral na Europa. Pelo menos desde a década de 50, prioriza a formação de dramaturgos (lançou, entre a nova e a velha-guarda, nomes como John Osborne, David Hare, Martin McDonagh e Mark Ravenhill).
Em contato com autores brasileiros desde 2000 (além de São Paulo, passou por Curitiba e Salvador), Elyse Dodgson se diz satisfeita com a qualidade dos trabalhos que acompanhou.
"Não existe mecanismo ideal para descoberta de novos autores. Temos boas peças e bons autores em qualquer lugar, em escolas ou comunidades, por exemplo. É importante que não haja patrulhamento na recepção ou descobrimento de novas peças. É essencial que todos tenham acesso para mostrar seu potencial", explica Dodgson à Folha.
Fernando Bonassi e Beatriz Gonçalves são dramaturgos que participaram do primeiro intercâmbio de residência do Royal Court em Londres. No ano passado, o centro inglês realizou workshop no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), cujos participantes participam agora do Nova Dramaturgia no Centro Cultural São Paulo, uma iniciativa da Secretaria Municipal da Cultura e do British Council.
No momento, um grupo de autores participa de outro projeto do Royal Court em Salvador. No próximo ano, diz Dodgson, mais cinco brasileiros farão residência em Londres.
"É importante que os projetos internacionais sejam prolongados e tenham continuidade. Só assim possibilitarão o surgimento de jovens autores e a maturidade daqueles que iniciaram o intercâmbio", afirma a coordenadora do Royal Court.
Na mesa-redonda "Dramaturgia em Processo: Royal Court e o Brasil", ela falará sobre a cena inglesa contemporânea. A pesquisadora Silvana Garcia contextualizará a dramaturgia brasileira dos últimos anos, sobretudo aquela que desponta nos palcos paulistanos.
Também participam do encontro os seis autores que serão lidos no ciclo Nova Dramaturgia: Aimar Labaki, Beatriz Gonçalves, Celso Cruz , Pedro Vicente, Rubens Rewald e Sérgio Pires. A mediação será feita pela jornalista e dramaturga Marici Salomão.

Oficina
Em "Encontros com Os Sertões", o grupo Oficina realizará leituras da adaptação do capítulo "A Luta", do centenário romance de Euclydes da Cunha. O texto é assinado pelo diretor Zé Celso e pelo ator Marcelo Drummond. O projeto, que percorrerá casas de cultura, também inclui cenas curtas realizadas entre "atuadores" do grupo e oficineiros dos espaços da prefeitura.
"Queremos nos encontrar com pessoas cujas vidas revelem a herança cultural de Canudos", informa o texto que o Oficina distribuiu à imprensa.


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