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ARTES PLÁSTICAS
Com ingressos de até US$ 500, filme de Barney deveria levar 800 pessoas ao Ziegfeld Theater ontem
"Cremaster" é cartada do Guggenheim
CAMILA VIEGAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
A estréia mundial de "Cremaster 3", o mais longo, mais ambicioso e último filme do ciclo de
Matthew Barney, deveria levar
ontem cerca de 800 pessoas ao
Ziegfeld Theater e arrecadar U$S
150 mil para os cofres do Guggenheim Museum de Nova York.
Com ingressos de US$ 100 a US$
500, a projeção foi a maneira que
os curadores do museu encontraram para evitar que a exposição
completa do ciclo de cinco filmes,
esculturas, fotografias e desenhos
fosse cancelada.
Agora "Cremaster 3" será mostrado comercialmente de 15 a 28
de maio no Film Forum, no Soho
(veja programação no quadro ao
lado). E a exposição completa, batizada de "Matthew Barney: The
Cremaster Cycle", deve abrir no
dia 5 de junho no Museum Ludwig em Colônia, na Alemanha.
Em seguida, entra em cartaz no
Musée d'Art Moderne de la Ville
de Paris, de 10 de outubro a 5 de
janeiro, e, finalmente, no Guggenheim, de 13 de fevereiro a 11 de
junho de 2003.
Segundo Matthew Barney, ainda não há planos para o Brasil.
"Acabamos de terminar o filme e
ainda estamos planejando como e
onde mostraremos o ciclo", respondeu por e-mail.
Só com a exposição, será possível ver a obra por inteiro e, quem
sabe, entender as elucubrações do
artista. Cada museu apresentará
uma instalação diferente, desenhada pelo artista, para acolher a
projeção dos filmes.
"Por meio desses filmes, esculturas, fotografias, desenhos e livros, a potente imaginação de
Matthew e sua cosmologia privada têm uma presença assombrosa
e alusiva", diz Thomas Krens, diretor da Fundação Solomon R.
Guggenheim.
Barney produziu o ciclo fora de
sequência. Primeiro ele fez o
"Cremaster 4", em 1994. Depois
veio o "Cremaster 1", em 1995, seguido pelo "Cremaster 5", em
1997, e o "Cremaster 2", em 1999.
"Cremaster 3" encaixa-se no centro de um projeto de cinco partes
"que se move linearmente", explica Barney. Filmado no Chrysler
Building, o filme funciona como
um espelho de aço multifacetado
que reflete as duas metades da
narrativa, a "Cremaster 1" e "2", e
a "Cremaster 4" e "Cremaster 5".
O ponto de partida conceitual
para a série é o músculo masculino cremáster, que controla as
contrações dos testículos em resposta a estímulos externos. O ciclo trata das condições anatômicas de ascensão e queda, e descreve metaforicamente a evolução da
forma através de alusões biológicas, psicológicas e morfológicas.
Os cinco filmes formam um sistema simbólico de relações: os lugares, personagens, hábitos, efeitos artificiais e situações retratam
o desenvolvimento contínuo de
um organismo em competição
consigo mesmo.
Mas, segundo a curadora do
Guggenheim Nancy Spector, que
está organizando a exposição há
seis anos, o destaque não vem
tanto dos filmes, mas das esculturas. "A exposição vai mostrar a
importância de Barney como escultor. Muitas vezes suas peças ficaram em segundo plano servindo como cenário para seus filmes", diz. "Há diversas maneiras
de compreender o ciclo, o filme é
apenas uma delas. As narrativas
podem ser construídas a partir
dos objetos. Matthews filma como se estivesse esculpindo."
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