São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Tudo e todos acabam no fim de "A Sete Palmos"

Série que acompanha a vida de uma família que possui uma casa funerária terá último episódio exibido hoje pela HBO

Depois da morte do protagonista, Nate, história viaja ao futuro para ver o fim dos demais personagens


SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a morte é o seu negócio, como é a sua vida? Com essa premissa arriscada de mostrar como funcionam os bastidores de uma funerária familiar, foi ao ar pela primeira vez, nos EUA, em 2001, o primeiro episódio de "A Sete Palmos" ("Six Feet Under").
Hoje, mais de cinco anos após a estréia, o Brasil verá o último capítulo da série, coroada pelo sucesso de público e de crítica, prêmios Emmy e Globo de Ouro, além de indicações para várias premiações televisivas.
Criada por Alan Ball, também roteirista de "Beleza Americana", a série acompanha alguns anos da vida dos Fisher, família de Los Angeles que vive numa casa cujo andar térreo e o porão são utilizados para restauração de corpos e velórios.
Cada episódio começa com uma morte, geralmente, a de um desconhecido. Algumas são bizarras, como a do Papai Noel de moto que é atropelado a caminho do Natal; outras, tristes, como a da mulher que morre sozinha em casa e demora dias para ter seu corpo descoberto; ou, ainda, terríveis mesmo, como a do bebê com poucos momentos de vida que abre os olhos, enxerga os adultos em torno do seu berço e, logo depois, cai na escuridão.
A partir delas, os capítulos se desenvolvem, relacionando um aspecto do cotidiano dos Fisher com a história desses mortos.
Tudo pode parecer um pouco incômodo, das situações aos detalhes de reconstituição e das cerimônias de corpo presente. Mas tudo isso tem um contraponto no humor negro e em alguns toques fantásticos.
Quem acompanha a história deve estar esperando mesmo é saber, nesta noite, qual será o futuro da família Fisher depois da súbita morte de Nate, não apenas o filho mais querido dentro da trama, como o personagem que parece ter sido desenhado para identificar cada um de nós, fora dela.
Isso porque Nate era o único dos Fisher que não encarava a morte como algo normal, que não se conformava em conviver com tanta tristeza sem se comover com cada história em particular. E justo Nate, aquele que carregava um sinal trágico, uma doença cerebral que anunciava que sua vida poderia ser muito, muito breve.
Como não poderia deixar de ser, os capítulos d.N. (depois de Nate) não conseguem se desligar muito do personagem. E seu fantasma reaparece um monte de vezes, até para fazer as pazes com a parceira Brenda ou empurrar a irmã, Claire, na viagem que guiará seu destino.
Desde o princípio, dava para notar que "A Sete Palmos" não era uma minissérie norte-americana como as outras. Nela, nada é amarradinho e formatado. O roteiro tem uma riqueza incomum para a TV, os personagens são bem delineados e consistentes e a trama se desenrola e amadurece quase como num texto literário.
Para este último episódio, vale ainda aquele velho lugar-comum: "Prepare o seu lençol". A história viaja ao futuro numa espécie de visão que Claire, a caçula dos Fisher, tem na estrada. Será possível ver, um a um, o futuro e o fim de cada um dos personagens principais. Mas, diferentemente da morte de Nate, eles serão menos chocantes e terão algo de fabuloso.
É uma pena que nenhuma mágica, nem daquelas hollywoodianas, possa oferecer seqüências para "A Sete Palmos" depois desta noite. É o fim, mesmo.


"A SETE PALMOS"
Quando:
hoje, às 22h
Onde: HBO
Com: Peter Krause, Michael C. Hall, Frances Conroy e Rachel Griffiths


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