Reprodução

Aleksandr Rodchenko, em ilustração sobre foto realizada em 1924

de Nova York

Rodchenko reinventa-se ainda mais uma vez com sua conversão à fotografia. As experiências iniciais são como fotocolagens e retratos de amigos e familiares. O marco decisivo é uma série de fotos tiradas em 1925 no prédio onde morava em Moscou.
O fascínio pela vida urbana e pelo dinamismo do mundo industrial somam-se às demandas de um novo olhar frente à nova sociedade em construção. "Parece que só a câmera é capaz de refletir a vida contemporânea", escrevia Rodchenko em 1928.
Suas fotos buscam sempre lançar um olhar fresco sobre o mundo. Para tanto, apostam na ruptura com o enquadramento frontal. Uma foto típica de Rodchenko, em geral parte de uma série, congela um instante urbano a partir de um ângulo oblíquo, inusitado, tirado de cima ou de baixo, como em "Ao Telefone" (1928).
A consolidação do poder de Stálin, no fim dos anos 20, liquidava a euforia revolucionária, estabelecia o primeiro dos regimes totalitários e varria a longa "primavera" artística. A partir de 1928, Rodchenko, um dos artistas mais ingenuamente identificados com a política cultural da primeira fase do bolchevismo pós-revolucionário, tornava-se alvo fácil.
Suas fotos foram atacadas na imprensa como "formalistas". Rodchenko perde seu emprego como professor e é forçado a fazer fotografias publicitárias da nova ordem stalinista para viver. De meados dos anos 30 até sua morte, a marginalização seria absoluta.
Entre uma e outra encomenda ganha-pão, Rodchenko voltaria à pintura, privilegiando retratos melancólicos do mundo circense que ama desde a infância. A ausência de obras dessa fase é a maior lacuna da exposição.
"Sou absolutamente desnecessário, quer viva ou não", escrevia Rodchenko em seu diário, em maio de 1945. "Sou um homem invisível", autodefinia-se. Morreu em dezembro de 1956, não muito depois da denúncia dos crimes do stalinismo pela liderança reformista de Nikita Khruschov. (AL)



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