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CINEMA
Documentário tem como eixo central a vida de pequenos personagens
Filme mostra anônimos que fizeram século 20
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
"Nós que Aqui Estamos por Vós
Esperamos." Essa frase, inscrita no
pórtico do cemitério de Paraibuna
(SP), dá título a um documentário
de longa-metragem barato e ambicioso realizado pelo videomaker
Marcelo Masagão, 39.
O objetivo do filme é contar a
história do século 20 em imagens,
tendo como eixo as vidas de pequenos personagens anônimos
contrapostas às figuras mais marcantes do século (Lênin, Freud, Hitler, Stálin, Mao etc.).
As únicas imagens filmadas por
Masagão são as do próprio cemitério de Paraibuna, de onde foi extraída a inscrição do título. O restante é montado a partir de material já existente: documentários,
filmes de ficção, "home movies",
programas de TV, fotografias.
O documentário já está pronto,
mas em vídeo. Até o final do ano,
Masagão pretende resolver os últimos problemas de direitos sobre
as imagens e transferir o filme para
película de cinema, por meio do
processo chamado kinescopia
(grosso modo, fotografia quadro a
quadro das imagens em vídeo).
O custo desse processo deve ficar
em torno de R$ 150 mil, referentes
ao pagamento de direitos (média
de R$ 1.000 por minuto de imagem) e à kinescopia (R$ 40 mil).
Marcelo Masagão pretende lançar o filme em cinema e na televisão no início de 1999.
A intenção inicial de Masagão
era fazer um CD-ROM sobre o século 20. Com esse projeto, ele ganhou uma bolsa da Fundação
McArthur (EUA), que lhe propiciou dois anos de pesquisa.
Ao longo da pesquisa, ele ficou
impressionado com a riqueza do
material que tinha em mãos e resolveu fazer um documentário.
O projeto de CD-ROM ainda vai
tomar mais dois ou três anos.
"Minha única idéia clara ao decidir pelo documentário era falar sobre a banalização da morte e, por
extensão, da vida em nosso século", disse Masagão à Folha. "Só depois veio a idéia de organizar o filme em torno de personagens representativos."
O documentarista diz ter visto
quase 200 documentários durante
a pesquisa. "Sempre que uma imagem me interessava, eu a selecionava, mesmo sem saber ainda em
que parte ela poderia entrar."
Masagão também aproveitou
trechos de alguns clássicos do cinema, como "Um Cão Andaluz",
de Buñuel, "O Homem da Câmera", de Dziga Vertov, "A General",
de Buster Keaton, e "Viagem à
Lua", de Georges Méliès.
Todo o material passou por efeitos especiais de montagem e distorção. Quanto às biografias dos
pequenos personagens -pedreiros, donas-de-casa, soldados-,
algumas são verdadeiras, outras
foram inventadas pelo diretor.
"Na carta do piloto kamikaze japonês, eu sintetizei várias cartas e
histórias de outros pilotos", diz.
"Uma amiga minha considerou
inverossímil a história do ex-nazista que veio criar coelhos no Brasil", diz. "Mas o sujeito não só existe, como é meu vizinho."
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Excepcionalmente hoje não é publicada a coluna
de Carlos Heitor Cony
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