São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004

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CINEMA

Júri elege o documentário "Peões" como melhor filme; "Cabra-Cega", de Toni Venturi, é mais premiado, com 7 troféus

Eduardo Coutinho vence Festival de Brasília

TEREZA NOVAES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Não faltou política no encerramento do Festival de Brasília, anteontem, no teatro Nacional. Além de os principais vencedores transitarem pelo tema ("Peões", de Eduardo Coutinho, melhor filme eleito pelo júri; e "Cabra-Cega", de Toni Venturi, que arrebatou sete prêmios), a noite teve ainda várias declarações de apoio à Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual).
A atração da cerimônia de premiação parecia prever o que viria a seguir: "Entreatos" -documentário que enfoca os dias finais da campanha de Lula rumo à Presidência, em 2002.
O filme foi apresentado pelo diretor João Moreira Salles. A platéia aplaudiu algumas das cenas durante a sessão. O filme faz dobradinha com o vencedor "Peões", retrato de pessoas que participaram das greves do ABC em 1979 e 1980.
"Vai fazer bem ao filme, mais pessoas vão assistir", disse Coutinho, que dedicou o prêmio à neta Maria Eduarda e ao cineasta Vladimir Carvalho.
"Nem é o meu melhor filme. Vou ser mais odiado", comentou o cineasta.
O prêmio dado ao documentarista é de R$ 80 mil, mais R$ 5.000 concedido pelo Ministério da Cultura e ajuda para transformar a obra em DVD.
O longa de Toni Venturi, "Cabra-Cega", ganhou os Candangos de direção, filme (escolhido pelo público), roteiro (Di Moretti), ator principal (Leonardo Medeiros) e direção de arte (Chico Andrade), além de um prêmio especial de pesquisa.
Ambientado no período da ditadura militar, o longa mostra um guerrilheiro ferido que tem de se esconder no apartamento de um arquiteto.
"O grande prêmio é o do público. O filme mostrou que chega principalmente aos jovens, a gente que nem era nascida na época", disse Venturi.
A defesa da Ancinav fez parte do discurso de vários cineastas, entre eles, Joel Pizzini , que levou quatro Candangos por "500 Almas", e Érika Bauer, de "Dom Helder Câmara - O Santo Rebelde", premiado duas vezes.
A principal manifestação em favor da criação da agência foi de Geraldo Moraes, presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), que leu uma carta aberta, ratificada por participantes do festival, apoiando o projeto.
Os momentos mais emocionantes foram as premiações para as atrizes de "Bendito Fruto", Zezeh Barbosa e Lúcia Alves, nas categorias principal e coadjuvante, respectivamente.
Barbosa subiu ao palco emocionada para receber também o prêmio de "melhor momento" do festival. Alves lembrou que era seu primeiro prêmio em 35 anos de carreira. As duas foram aplaudidas de pé pela platéia.


Os jornalistas Tereza Novaes e José Geraldo Couto viajaram a convite da organização do evento


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