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DISCOS/LANÇAMENTOS
"IN CITÉ"
Artista lança show parisiense
Lenine fecha a tampa da gravadora BMG
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Talvez nem o próprio Lenine
soubesse disso exatamente, mas
seu novo disco chega para fechar
a tampa da participação brasileira
da multinacional BMG como ela
era conhecida até agora.
Entre a apresentação do DVD e
CD "In Cité" pela BMG, na semana passada, e, agora, a fusão com
a Sony chegou a um termo no
Brasil, com uma onda de demissões apanhando em cheio a BMG.
A casa teria perdido 15 funcionários (dentro de um total de cerca
de 70), contra apenas um da Sony.
Dos funcionários de alto escalão
da BMG, restou apenas o diretor
artístico Sérgio Bittencourt, de
perfil mais popular. A Sony, ao
que tudo indica, deve ocupar os
principais cargos da nova Sony
BMG -mas não responde apelos
da Folha desde o início para comentar o novo panorama.
A nova onda não atinge, por enquanto, os elencos das duas casas,
mas o próprio "In Cité" de Lenine, 45, é resultado de transformações que vêm encolhendo a participação das multinacionais no negócio musical brasileiro.
Abrigado e difundido pela BMG
desde o seu álbum solo de estréia,
em 97, o já veterano Lenine (que
antes lançara discos em dupla
com Lula Queiroga, em 83, e com
Marcos Suzano, em 93) teve de reformular seu contrato para poder
lançar "In Cité", gravado num
show ao vivo na França.
"Fiz um trabalho em euros, cercado de gente competente do Brasil que levei para lá, num ano que
não foi fácil para ninguém. É um
sonho de consumo para qualquer
um", começa. "Eu e a BMG tivemos que encontrar uma maneira
de viabilizar a parceria, que deve
ser o modelo daqui para a frente",
continua, referindo-se também
ao selo Casa Nove, que ele inaugura e do qual a BMG cuida (ou
cuidava) de marketing, promoção, divulgação etc.
"Mas isso não é novo para mim,
o disco "Olho de Peixe" [de 93, em
parceria com Suzano] já foi assim,
feito pela Mameluco [sua produtora, que hoje se desdobra também em selo]", completa, encarando os velhos novos tempos.
À parte o emagrecimento da indústria, "In Cité" vem refletir uma
pujança que não é de fábrica, mas
de artesanato. É fruto de um namoro bem-sucedido entre Lenine
e a França, que culminou em dois
shows em abril deste ano, na casa
parisiense Cité de la Musique.
Lenine chegou ali integrado ao
projeto "Carte Blanche", segundo
o qual a casa de espetáculos dá
carta branca a artistas convidados
para criarem espetáculos exclusivos -antes, o único brasileiro
convidado fora Caetano Veloso.
Com um pé lá e outro no Brasil,
Lenine formulou um projeto híbrido, que hoje origina o CD/
DVD "In Cité". Quase metade do
material é feito de canções inéditas, que se somam a releituras intimistas de canções de seus álbuns
passados.
Híbrido, "In Cité" se acondiciona em parte no formato conservador "ao vivo", hoje hegemônico
entre gravadoras e músicos brasileiros; de resto, belisca a ousadia e
o ineditismo de canções programadas especialmente para o público francês. "Ele não difere dos
meus outros discos, que são sempre muito autorais", defende.
Lenine tenta desterritorializar
diferenças: "Os curiosos franceses
são iguaizinhos aos brasileiros. O
que faço vem se cristalizando como um todo, não como uma música específica". A seu favor há o
argumento de que, sob o desmonte da BMG, o CD/DVD "In
Cité" foi concretizado graças a
apoio oficial de Pernambuco, o
Estado natal de Lenine.
LENINE IN CITÉ. CD e DVD de Lenine.
Lançamento: Casa Nove/BMG. Quanto:
R$ 30 (o CD) e R$ 50 (o DVD), em média.
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