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LITERATURA
Novidades sobre o bruxo chegaram aos cinemas e às livrarias juntas
Filme dá impulso a vendas de sexto livro sobre Potter
LUCIANA COELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Incansáveis" é uma palavra
que pode definir bem os fãs do
bruxo adolescente Harry Potter,
criado pela escritora britânica J.K.
Rowling em 1997. Em sua sexta
aventura literária e na quarta empreitada cinematográfica, o personagem continua a enfeitiçar os
fãs -e as caixas registradoras,
que marcam números mais e
mais altos a cada lançamento.
De sua estréia nos cinemas, sexta passada, até a noite da última
quarta (dado mais recente disponível), "Harry Potter e o Cálice de
Fogo" vendeu 1,615 milhão de ingressos, estima a Warner, distribuidora do filme no Brasil. É um
aumento de 30% em relação aos
dois episódios anteriores, "O Prisioneiro de Azkaban" e "A Câmara Secreta", e de 45% sobre a estréia da série, "A Pedra Filosofal".
A editora Rocco também tem
motivos para comemorar. O sexto livro da saga, "Harry Potter e o
Enigma do Príncipe", lançado há
seis dias, já teve os 350 mil exemplares impressos na primeira tiragem vendidos para as livrarias.
Essas, por sua vez, acreditam
que o lançamento simultâneo
com o filme catapultou as vendas
de forma inédita. Só a Saraiva
vendeu 18 mil exemplares em
quatro dias. E espera vender 50
mil até o Natal. A Siciliano, que
encomendou 60 mil livros à Rocco, viu um terço deles sumirem de
suas prateleiras no mesmo período. E a Cultura, cujas expectativas
já haviam sido superadas com a
edição em inglês, vendeu 2.319 livros só no fim de semana, o que
pôs o volume em primeiro lugar
entre os infanto-juvenis.
Nada, claro, comparável com os
números nos EUA, onde a editora
Scholastic diz ter vendido 6,9 milhões de cópias só nas primeiras
24 horas após o lançamento, em
16 de julho. Ou no Reino Unido,
onde 2 milhões de exemplares de
"O Príncipe Mestiço" foram comprados em um dia, de acordo com
a editora Bloomsbury. Mas são
números superlativos para o mercado brasileiro, onde uma primeira tiragem gira em torno de 3.000
exemplares, segundo a Rocco.
Com 20 mil cópias vendidas, o autor já é considerado best-seller.
Diagramação e tradução
A reportagem da Folha mergulhou nos últimos dias em uma
análise minuciosa das alterações
feitas na versão em português de
"O Enigma do Príncipe", que das
652 páginas na edição americana
e de 607 na versão britânica passou para 510 em português -redução em 22% das páginas no primeiro caso e em 16% no segundo.
De fato, como afirmam a editora Rocco e a tradutora da série, Lia
Wyler, a história não sofreu nenhum corte -mesmo porque
eles são proibidos por contrato. A
versão mais enxuta que foi parar
na mão dos leitores brasileiros se
deve a dois outros fatores.
O primeiro a editora já havia explicado -a diagramação do livro
(tipo de letra, número de linhas
por página) foi alterada. Na versão brasileira há mais texto em cada página do que nas duas em inglês. E somem os pequenos desenhos no início de cada capítulo
que ilustram a americana.
O segundo motivo, constatou a
Folha, é que na tradução para o
português o texto sofreu uma série de ajustes, embora esses não
tragam prejuízo à história. É como se tivesse sido feita a opção
pela versão mais direta, já que a
prosa de Rowling é prolixa.
Em cerca de 20 trechos analisados pela reportagem, somem alguns adjetivos e advérbios, e são
eliminadas redundâncias.
Frases como "What can he do
about it?", literalmente "O que ele
pode fazer a esse respeito?" viram
um mais simples "O que ele pode
fazer" (pág. 104). Ou, como na
primeira página, "unpleasant memories" (lembranças desagradáveis) é vertido apenas como "lembranças". E palavras como "muito" e "pouco", que reforçam o estilo rebuscado de Rowling, freqüentemente são suprimidas no
português.
De qualquer forma, esses ajustes não comprometem a descrição de nenhuma cena, ação ou
diálogo, tampouco do universo
mágico criado pela autora.
Resta agora esperar pelo próximo livro da série, cuja data de lançamento é uma incógnita. Pela
quantidade de perguntas que Rowling ainda tem a responder, ele
não deve ser nada pequeno.
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