São Paulo, sexta-feira, 02 de dezembro de 2005

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LITERATURA

Novidades sobre o bruxo chegaram aos cinemas e às livrarias juntas

Filme dá impulso a vendas de sexto livro sobre Potter

LUCIANA COELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Incansáveis" é uma palavra que pode definir bem os fãs do bruxo adolescente Harry Potter, criado pela escritora britânica J.K. Rowling em 1997. Em sua sexta aventura literária e na quarta empreitada cinematográfica, o personagem continua a enfeitiçar os fãs -e as caixas registradoras, que marcam números mais e mais altos a cada lançamento.
De sua estréia nos cinemas, sexta passada, até a noite da última quarta (dado mais recente disponível), "Harry Potter e o Cálice de Fogo" vendeu 1,615 milhão de ingressos, estima a Warner, distribuidora do filme no Brasil. É um aumento de 30% em relação aos dois episódios anteriores, "O Prisioneiro de Azkaban" e "A Câmara Secreta", e de 45% sobre a estréia da série, "A Pedra Filosofal".
A editora Rocco também tem motivos para comemorar. O sexto livro da saga, "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", lançado há seis dias, já teve os 350 mil exemplares impressos na primeira tiragem vendidos para as livrarias.
Essas, por sua vez, acreditam que o lançamento simultâneo com o filme catapultou as vendas de forma inédita. Só a Saraiva vendeu 18 mil exemplares em quatro dias. E espera vender 50 mil até o Natal. A Siciliano, que encomendou 60 mil livros à Rocco, viu um terço deles sumirem de suas prateleiras no mesmo período. E a Cultura, cujas expectativas já haviam sido superadas com a edição em inglês, vendeu 2.319 livros só no fim de semana, o que pôs o volume em primeiro lugar entre os infanto-juvenis.
Nada, claro, comparável com os números nos EUA, onde a editora Scholastic diz ter vendido 6,9 milhões de cópias só nas primeiras 24 horas após o lançamento, em 16 de julho. Ou no Reino Unido, onde 2 milhões de exemplares de "O Príncipe Mestiço" foram comprados em um dia, de acordo com a editora Bloomsbury. Mas são números superlativos para o mercado brasileiro, onde uma primeira tiragem gira em torno de 3.000 exemplares, segundo a Rocco. Com 20 mil cópias vendidas, o autor já é considerado best-seller.

Diagramação e tradução
A reportagem da Folha mergulhou nos últimos dias em uma análise minuciosa das alterações feitas na versão em português de "O Enigma do Príncipe", que das 652 páginas na edição americana e de 607 na versão britânica passou para 510 em português -redução em 22% das páginas no primeiro caso e em 16% no segundo.
De fato, como afirmam a editora Rocco e a tradutora da série, Lia Wyler, a história não sofreu nenhum corte -mesmo porque eles são proibidos por contrato. A versão mais enxuta que foi parar na mão dos leitores brasileiros se deve a dois outros fatores.
O primeiro a editora já havia explicado -a diagramação do livro (tipo de letra, número de linhas por página) foi alterada. Na versão brasileira há mais texto em cada página do que nas duas em inglês. E somem os pequenos desenhos no início de cada capítulo que ilustram a americana.
O segundo motivo, constatou a Folha, é que na tradução para o português o texto sofreu uma série de ajustes, embora esses não tragam prejuízo à história. É como se tivesse sido feita a opção pela versão mais direta, já que a prosa de Rowling é prolixa.
Em cerca de 20 trechos analisados pela reportagem, somem alguns adjetivos e advérbios, e são eliminadas redundâncias.
Frases como "What can he do about it?", literalmente "O que ele pode fazer a esse respeito?" viram um mais simples "O que ele pode fazer" (pág. 104). Ou, como na primeira página, "unpleasant memories" (lembranças desagradáveis) é vertido apenas como "lembranças". E palavras como "muito" e "pouco", que reforçam o estilo rebuscado de Rowling, freqüentemente são suprimidas no português.
De qualquer forma, esses ajustes não comprometem a descrição de nenhuma cena, ação ou diálogo, tampouco do universo mágico criado pela autora.
Resta agora esperar pelo próximo livro da série, cuja data de lançamento é uma incógnita. Pela quantidade de perguntas que Rowling ainda tem a responder, ele não deve ser nada pequeno.


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