São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA TEATRO

Peça vê cotidiano com simplicidade e força

No monólogo "A Árvore Seca", de tom melancólico, a atriz Ester Laccava reproduz a beleza da poesia popular

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Baseado em linguagem de cordel, o monólogo "A Árvore Seca", dirigido por Leandro Goddinho e Antonio Vanfill, tem o mérito de reproduzir a beleza das poesias populares ao narrar acontecimentos da vida cotidiana com simplicidade e força.
Na abertura, uma projeção toma o fundo do palco e retrata apenas o mar.
A atriz Ester Laccava entra silenciosamente e se posiciona no canto. Despenteia os cabelos, ao mesmo tempo em que pinta o rosto de marrom.
O efeito visual, com toda sua modéstia, é o de uma xilogravura de capa de cordel.
Como a árvore do título, toda a cena é seca. No cenário, além das imagens despretensiosas no telão, um baú isolado no centro do palco.
Esta mesma aridez é frisada pelo texto do jovem autor Alexandre Sansão.
Apesar de narrar eventos que dão conta do nascimento à velhice e que tem abrangência quase épica, tudo acontece de forma cândida.
A vida dura, o parto sofrido seguido de morte e as consequências na vida dos que restam desenrolam-se com frases singelas.
Na maior parte do tempo, o ritmo é lento e melancólico: "Menino viu o pai pelo sertão partir até o sol cair".
Versos rimados são cantados pela atriz de forma melodiosa. Laccava fala devagar, cadenciando trechos tristes com alguns repentes "cordelistas", em que a declamação aparece mais empolgada.
Dentro desta estrutura serena, o maior frescor desta montagem está em como o drama se estrutura com bases na oralidade, ao revelar de que maneira lendas e provérbios são transmitidos de geração para geração.
Várias passagens costuram a história ficcional central com trechos biográficos da própria atriz.
No início, ela conta como sua avó sempre respondia a situações diversas com a palavra "tudo", mote que ela repete enquanto atravessa o palco imitando-a, até virar uma mulher nordestina.
Esta simples fusão se estende por toda a narrativa e acaba por revelar o tempo e o modo como histórias são criadas. É a partir deste ponto de vista que conseguimos ver "a árvore seca da janela" e, como resultado, "o fruto que deu nela".

A ÁRVORE SECA

QUANDO sex. e sáb., às 21h.; até 19/2
ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195; tel.0/xx/ 11/3095-9400)
QUANTO R$ 5 a R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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