DA REPORTAGEM LOCAL

Sábato Magaldi só se refere a Oswald de Andrade como Oswald e a Nelson Rodrigues como Nelson. A "intimidade" não soa falsa.
O crítico chegou a conhecer ambos. O primeiro durante histórica palestra em Belo Horizonte, em 1945, que viu ao lado de Otto Lara Resende. Com o segundo, conviveu longamente e teve a divisão que fez da dramaturgia rodriguiana aprovada pelo próprio.
Organizador de seu "Teatro Completo" (Nova Aguilar), dividiu as peças em "psicológicas", "míticas" e "tragédias cariocas".
A boa nova agora é o pioneiro "desagrupamento" dessas obras. A editora Nova Fronteira lança durante a Bienal paulistana os primeiros volumes "avulsos" do "Anjo Pornográfico". Até então, com exceção de "Vestido de Noiva" e "Beijo no Asfalto", já lançadas isoladamente, as demais peças só podiam ser compradas no volume completo da Nova Aguilar ou divididas em quatro tomos pela própria Nova Fronteira.
Já na Bienal chegam ao público as quatro primeiras peças, "Senhora dos Afogados", "Vestido de Noiva", "Álbum de Família" e "Viúva, porém Honesta".
Todas elas trarão a ficha técnica da montagem original e um "guia de leitura", elaborado pelo professor da USP Flávio Aguiar. As outras 13 peças de Rodrigues (1912-1980) seguirão o mesmo padrão -e os quatro volumes já existentes também terão reedição em agosto, mês do nascimento do dramaturgo.
Além das peças, e do volume "Teatro de Obsessão", de Magaldi, a Bienal também marca o lançamento de "Santos e Canalhas".
"Análise antropológica da obra de Nelson Rodrigues", o trabalho é assinado pela historiadora e antropóloga Adriana Facina. (CEM)