São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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CINEMA

Festival premia "Caparaó", de Flavio Frederico

Documentário sobre luta armada vence o É Tudo Verdade

DA REPORTAGEM LOCAL

A 11ª edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade divulgou os seus premiados anteontem à noite.
O cineasta carioca radicado em São Paulo Flavio Frederico ("Urbania") foi o grande vencedor da competição nacional, levando o prêmio de melhor longa/média por "Caparaó".
O título reconstitui a tentativa de cerca de 20 ex-militares, que haviam sido expulsos das Forças Armadas, de instalarem um foco de resistência ao regime militar na serra de Caparaó (divisa de Minas Gerais e Espírito Santo), em 1966.
Entre os curtas, o prêmio principal foi dado a "Visita Íntima", de Joana Nin. O filme já havia ganhado o prêmio de melhor curta em 35 mm (documentário) no Cine-PE 2005 - Festival do Audiovisual (antigo Festival de Recife).
O curta ouve mulheres que optaram por ter relacionamentos amorosos com detentos e sinaliza a atração de documentaristas pelo universo prisional.
"Acho que, mais que prêmios, há forte presença de obras em torno desse universo no festival -cinco filmes nacionais e estrangeiros", afirma o diretor do festival, Amir Labaki, também articulista da Folha.
Mesmo não querendo fazer comentários específicos sobre os critérios dos jurados, Labaki avalia que "é uma possível leitura" a valorização de momentos ocultos ou poucos visíveis de nossa história entre os premiados nacionais "Caparaó" e "De Glauber para Jirges", de André Ristum (recebeu menção honrosa entre os curtas).
"Caparaó" tem um viés de resgate político mais evidente, mas o documentário de Ristum -sobre as cartas trocadas entre seu pai, o cineasta Jirges Ristum, e o mito do cinema novo Glauber Rocha-, também tem um forte tom de memórias culturais e políticas.
O curta "História Severina", de Debora Diniz e Eliane Brum, também ganhou menção honrosa.
Já entre os estrangeiros, o alemão "O Grande Silêncio", de Philip Groening, foi o preferido do júri internacional.
Enfocando a rotina dos cartuxos -uma das mais severas ordens da Igreja Católica- em um monastério nos Alpes franceses, Groening e equipe conseguem realizar um raro registro.

Brasília
Hoje começa a mostra itinerante do festival em Brasília. O Centro Cultural Banco do Brasil exibe títulos do evento, como "O Homem Urso", de Werner Herzog, que tem sessão hoje, às 20h. O site www.etudoverdade.com.br tem a programação completa.
Herzog ganhou retrospectiva no evento, assim como os "mestres nacionais", nas palavras de Labaki, Jean-Claude Bernardet e Jorge Bodanzky. "Reafirmamos o bom momento do documentário no Brasil e no mundo, celebrando Bernardet e Bodanzky na presença deles. O balanço me parece muito positivo."
Labaki prepara parceria com o Cinusp, em agosto, de edição latino-americana do Visible Evidence, encontro acadêmico de importância internacional sobre o documentário. (MARIO GIOIA)


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