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CINEMA
Festival premia "Caparaó", de Flavio Frederico
Documentário sobre luta armada vence o É Tudo Verdade
DA REPORTAGEM LOCAL
A 11ª edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo
Verdade divulgou os seus premiados anteontem à noite.
O cineasta carioca radicado em
São Paulo Flavio Frederico ("Urbania") foi o grande vencedor da
competição nacional, levando o
prêmio de melhor longa/média
por "Caparaó".
O título reconstitui a tentativa
de cerca de 20 ex-militares, que
haviam sido expulsos das Forças
Armadas, de instalarem um foco
de resistência ao regime militar na
serra de Caparaó (divisa de Minas
Gerais e Espírito Santo), em 1966.
Entre os curtas, o prêmio principal foi dado a "Visita Íntima",
de Joana Nin. O filme já havia ganhado o prêmio de melhor curta
em 35 mm (documentário) no Cine-PE 2005 - Festival do Audiovisual (antigo Festival de Recife).
O curta ouve mulheres que optaram por ter relacionamentos
amorosos com detentos e sinaliza
a atração de documentaristas pelo
universo prisional.
"Acho que, mais que prêmios,
há forte presença de obras em torno desse universo no festival
-cinco filmes nacionais e estrangeiros", afirma o diretor do festival, Amir Labaki, também articulista da Folha.
Mesmo não querendo fazer comentários específicos sobre os
critérios dos jurados, Labaki avalia que "é uma possível leitura" a
valorização de momentos ocultos
ou poucos visíveis de nossa história entre os premiados nacionais
"Caparaó" e "De Glauber para Jirges", de André Ristum (recebeu
menção honrosa entre os curtas).
"Caparaó" tem um viés de resgate político mais evidente, mas o
documentário de Ristum -sobre
as cartas trocadas entre seu pai, o
cineasta Jirges Ristum, e o mito
do cinema novo Glauber Rocha-, também tem um forte tom
de memórias culturais e políticas.
O curta "História Severina", de
Debora Diniz e Eliane Brum, também ganhou menção honrosa.
Já entre os estrangeiros, o alemão "O Grande Silêncio", de Philip Groening, foi o preferido do
júri internacional.
Enfocando a rotina dos cartuxos -uma das mais severas ordens da Igreja Católica- em um
monastério nos Alpes franceses,
Groening e equipe conseguem
realizar um raro registro.
Brasília
Hoje começa a mostra itinerante do festival em Brasília. O Centro Cultural Banco do Brasil exibe
títulos do evento, como "O Homem Urso", de Werner Herzog,
que tem sessão hoje, às 20h. O site
www.etudoverdade.com.br tem
a programação completa.
Herzog ganhou retrospectiva
no evento, assim como os "mestres nacionais", nas palavras de
Labaki, Jean-Claude Bernardet e
Jorge Bodanzky. "Reafirmamos o
bom momento do documentário
no Brasil e no mundo, celebrando
Bernardet e Bodanzky na presença deles. O balanço me parece
muito positivo."
Labaki prepara parceria com o
Cinusp, em agosto, de edição latino-americana do Visible Evidence, encontro acadêmico de importância internacional sobre o
documentário.
(MARIO GIOIA)
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