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Crítica
"Remakes" são necessários de tempos em tempos
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Filmes não são objetos intocáveis e se há uma coisa oportuna neste mundo (o do espetáculo) são os "remakes". Eles
funcionam um pouco como as
traduções de livros: convém refazê-las de tempos em tempos.
Já o original permanece.
Em cinema, o original permanece para o cinéfilo, mas para o grosso das platéias não faz
sentido. "O Galante Mr.
Deeds", de Frank Capra (1936),
é um filme dos anos 30, do tempo da Depressão, de um momento em que a tensão entre
egoísmo e generosidade era
muito acentuada.
O mundo mudou, mas a mesma tensão se apresenta bem
atual, o que justifica perfeitamente a empreitada de "A Herança de Mr. Deeds" (Universal, 21h). Neste filme de 2002,
Adam Sandler é o sujeito que
ganha uma enorme herança e
vai a Nova York, onde não faltará gente disposta a embrulhá-lo. Adam Sandler não é
Gary Cooper e muito menos
Steven Brill é Frank Capra: o
"remake" é uma arte delicada,
como a tradução.
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