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ARTES VISUAIS
Feira, que terá galeristas e artistas nacionais e estrangeiros, abre para o público a partir de amanhã
SP Arte cresce e reúne galerias do exterior
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com crescimento em comparação à sua primeira versão, no ano
passado, a SP Arte Feira Internacional de Arte Moderna e Contemporânea de São Paulo abre
hoje suas portas para convidados.
Neste ano, são 50 galerias contra
as 41 em 2005. Segundo a assessoria do evento, haverá obras de R$
100 a R$ 1 milhão.
O crescimento ocorre também
na presença de galerias estrangeiras, mas é visto com cautela pela
diretora da feira, Fernanda Feitosa. "De uma galeria estrangeira,
em 2005, temos agora seis, mas isso é compatível com o nosso mercado. O crescimento é tímido,
mas deve ser contínuo. Quem sabe um dia estaremos como as
grandes feiras estrangeiras."
As grandes feiras, especialmente Art Basel e Basel-Miami, contam, além da programação comercial, com eventos paralelos,
como mostras, debates e visitas a
coleções locais.
A SP Arte repete a fórmula, neste ano, com visita a colecionadores, para portadores de cartões
VIP, uma festa com performances, também com acesso restrito a
convidados, e debates públicos,
de quinta a sábado, sobre crítica,
colecionismo e inserção da arte
brasileira no exterior, com a presença de Leda Catunda, Agnaldo
Farias e Waltercio Caldas, entre
outros.
Por ora, o título "SP Arte" representa mais o local geográfico onde
ocorre a feira do que o próprio
mercado paulista. Mesmo com a
entrada da Fortes Vilaça, uma das
galerias com maior presença no
mercado, continuam de fora do
evento galerias como Luisa Strina,
Millan Antonio e Vermelho. Das
48 galerias paulistanas listadas pelo Mapa das Artes, participam da
feira 22, enquanto há 22 participantes de outros Estados do país
-15 só do Rio.
"Por enquanto, ainda preferimos investir em feiras fora do
país, mas no próximo ano pretendemos participar. Acho que essa
feira é boa para galerias de fora",
afirma Florence Antonio, da Millan Antonio, opinião próxima de
outros galeristas paulistanos, como Eduardo Brandão, da galeria
Vermelho. "Investimos em feiras
que ocorrem em locais onde somos menos conhecidos, como a
Basel-Miami", afirma Brandão.
"Eu não acho uma verdade absoluta que galerias já tenham o
mercado em São Paulo, pois elas
não têm o mercado inteiro, senão
a Fortes Vilaça, que é muito forte,
não estaria participando. Ainda
somos uma "baby fair". Essas outras feiras usadas como modelo
existem há mais de 30 anos e estão
consolidadas", avalia Feitosa.
Como atrativo para as galerias,
Feitosa convidou curadores e colecionadores estrangeiros. Do exterior, participam agora três galerias européias (de Portugal, Espanha e Alemanha) e três sul-americanas (Uruguai, Chile e Argentina). "Acho um ato de coragem expor aqui, os galeristas precisam
pagar transporte, seguro, hospedagem e ainda 45% de impostos
sobre o valor da obra. Mas creio
que o Brasil tem crescido em importância, por isso é uma vitrine
importante", afirma a diretora.
A organizadora da feira é também uma colecionadora. Sua primeira aquisição ocorreu há 12
anos. "Acho que se começa uma
coleção quando se tem um pouco
de sobra de dinheiro", diz Feitosa.
Em 1994, a então advogada procurou Raul Forbes, da galeria Arte
do Brasil, em busca de arte. Gostou de Martins de Porangaba,
"acho que pelas cores", mas só
comprou seis meses depois. Criada com o marido, Heitor Martins,
a coleção de Feitosa tem como
destaque 27 peças de Farnese de
Andrade, que passou a admirar
na convivência com o editor e
também colecionador Charles
Cosac.
A SP Arte ocorre duas semanas
antes da similar argentina, a ArteBa, coincidência de datas que gerou protestos. "Há 25 feiras em todo o mundo, essa data era a mais
viável para nossas galerias tendo
em vista esse calendário", explica
Feitosa, que comemora a entrada
de uma galeria portenha em sua
feira, enquanto na Argentina serão sete as brasileiras.
Foi lá em Buenos Aires, aliás,
que Feitosa começou a pensar na
possibilidade de organizar a SP
Arte. "Eu vivi lá até 2004, e foi comentando com galeristas brasileiros que participavam da ArteBa
que percebi a possibilidade de
uma feira aqui. Eu cheguei em
agosto e, em abril do ano seguinte,
já ocorria a primeira edição da SP
Arte", relembra a diretora. Para a
edição que inaugura hoje, tempo
e experiência estão ampliados.
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