São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

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Cereja serve bacalhau em clima familiar

FABIO RIGOBELO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No balcão do restaurante, no Alto da Mooca, uma placa aconselha: "O trabalho nos afasta de três grandes males: o aborrecimento, o vício e a necessidade".
Depois de um almoço na casa comandada por Oswaldo Cereja, chegamos à conclusão de que nunca ficaremos aborrecidos, certamente ficaremos viciados, principalmente no bacalhau dourado, e esperamos não passar necessidade, para voltar mais vezes.
Cereja, filho de uma italiana de Treviso e um português do Funchal, Ilha da Madeira, começou neste endereço há 35 anos e cuida de tudo pessoalmente. Vai à feira e ao açougue todos os dias e negocia seus pescados com os fornecedores, sejam de rio (como o pintado), mar (pescadas, badejos e camarões) ou bacalhau. Sim, pois como já diziam os portugueses, bacalhau não é peixe, bacalhau é bacalhau!
O grande campeão de pedidos da casa -dois salões simples- é o bacalhau dourado com legumes. Há ainda as tradicionais versões portuguesa e ao forno. O restaurante vende mais de 100 kg de bacalhau por semana -só Gadus morhua, norueguês, o legítimo bacalhau, mas também conhecido como Porto Imperial, calibre 11/15, que vem de um único fornecedor. Normalmente, uma peça dessa pesa cerca de 4 kg.
No Cereja, o processo de dessalga, limpeza e hidratação dura 72 horas e um dos pontos altos é a exibição prévia aos comensais da peça já limpa e hidratada, antes de seguir seu inexorável destino: a cozinha.

Rabada, feijoada, peixes
Além do bacalhau, estão no cardápio rabada com polenta (às terças e às quintas) e a feijoada das quartas e sábados. E, como um bom filho da "mamma" Mooca, o restaurante oferece um gigantesco filé à parmigiana. Outras boas opções são os peixes, empanados ou assados na brasa, sempre acompanhados de arroz à grega e fritas ou molho de camarões.
O couvert (R$ 7) é quase um almoço, porque além da cesta de pães, vem uma travessa de picles, batatas em conserva, ovos de codorna e polenta frita -os bolinhos de bacalhau (R$ 1), pequenos e sequinhos, são feitos das aparas resultantes da limpeza das peças.
A clientela é formada por quem trabalha na zona leste e pelos habitués que vêm de longe. O serviço de bar é bom, com chope, cervejas nacionais e, como cortesia, uma cachaça artesanal de Cabreúva. Há pouca oferta de vinhos, mas é possível levar um bom rótulo de casa, já que a rolha não é cobrada.
Não sei se é uma tasca, ou uma cantina, mas é a cara de São Paulo.


Leia a receita do bacalhau dourado do restaurante Cereja

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