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Cereja serve bacalhau em clima familiar
FABIO RIGOBELO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No balcão do restaurante, no
Alto da Mooca, uma placa aconselha: "O trabalho nos afasta de
três grandes males: o aborrecimento, o vício e a necessidade".
Depois de um almoço na casa
comandada por Oswaldo Cereja, chegamos à conclusão de
que nunca ficaremos aborrecidos, certamente ficaremos viciados, principalmente no bacalhau dourado, e esperamos
não passar necessidade, para
voltar mais vezes.
Cereja, filho de uma italiana
de Treviso e um português do
Funchal, Ilha da Madeira, começou neste endereço há 35
anos e cuida de tudo pessoalmente. Vai à feira e ao açougue
todos os dias e negocia seus
pescados com os fornecedores,
sejam de rio (como o pintado),
mar (pescadas, badejos e camarões) ou bacalhau. Sim, pois como já diziam os portugueses,
bacalhau não é peixe, bacalhau
é bacalhau!
O grande campeão de pedidos da casa -dois salões simples- é o bacalhau dourado
com legumes. Há ainda as tradicionais versões portuguesa e
ao forno. O restaurante vende
mais de 100 kg de bacalhau por
semana -só Gadus morhua,
norueguês, o legítimo bacalhau, mas também conhecido
como Porto Imperial, calibre
11/15, que vem de um único fornecedor. Normalmente, uma
peça dessa pesa cerca de 4 kg.
No Cereja, o processo de dessalga, limpeza e hidratação dura 72 horas e um dos pontos altos é a exibição prévia aos comensais da peça já limpa e hidratada, antes de seguir seu
inexorável destino: a cozinha.
Rabada, feijoada, peixes
Além do bacalhau, estão no
cardápio rabada com polenta
(às terças e às quintas) e a feijoada das quartas e sábados. E,
como um bom filho da
"mamma" Mooca, o restaurante oferece um gigantesco filé à
parmigiana. Outras boas opções são os peixes, empanados
ou assados na brasa, sempre
acompanhados de arroz à grega
e fritas ou molho de camarões.
O couvert (R$ 7) é quase um
almoço, porque além da cesta
de pães, vem uma travessa de
picles, batatas em conserva,
ovos de codorna e polenta frita
-os bolinhos de bacalhau (R$
1), pequenos e sequinhos, são
feitos das aparas resultantes da
limpeza das peças.
A clientela é formada por
quem trabalha na zona leste e
pelos habitués que vêm de longe. O serviço de bar é bom, com
chope, cervejas nacionais e, como cortesia, uma cachaça artesanal de Cabreúva. Há pouca
oferta de vinhos, mas é possível
levar um bom rótulo de casa, já
que a rolha não é cobrada.
Não sei se é uma tasca, ou
uma cantina, mas é a cara de
São Paulo.
Leia a receita do bacalhau dourado do restaurante Cereja
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