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"A SELVA"
Filme cria Amazônia para europeu ver e lembra "Pantanal"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O objetivo de "A Selva" é
dos mais nobres: viabilizar
uma produção Brasil-Portugal-Espanha, uma aliança que alinhave interesses comuns para fazer
frente aos filmes hollywoodianos.
Juntam-se, claro, personagens
dos três países em um cenário cinematográfico por excelência, a
Amazônia, e um roteiro baseado
em um clássico homônimo português, de Ferreira de Castro.
Em 1912, português exilado por
posições monárquicas (o inexpressivo Diogo Morgado) tem de
se adaptar ao trabalho de extração
da borracha na floresta amazônica. Fica amigo de um seringueiro
rebelde (Chico Diaz), conhece o
poder do manda-chuva local
(Cláudio Marzo) e se apaixona
pela mulher do comerciante, dona Yayá (Maitê Proença).
O roteiro sofre de um andamento capenga, claramente dividido
em duas partes: na primeira, a
adaptação à selva, em meio a clichês como a febre tropical curada
pelo pajé misterioso e a onça-pintada que ronda a vila; na segunda,
desenvolve o romance, com direito à obrigatória cena de sexo.
Quando foi lançado em Portugal, no final de 2003, "A Selva" fez
a maior bilheteria daquele ano no
país, com 85 mil espectadores. Na
Espanha, repetiu o sucesso. Mas
não admira que tenha demorado
a estrear aqui. O filme explora a
Amazônia como lugar turístico, o
que sempre tem mais apelo com
os estrangeiros do que com nós
mesmos. E possui um ritmo televisivo, com música excessiva tentando dar um tom épico às paisagens, que remete à novela "Pantanal" -a presença de Marzo só reforça a lembrança.
Os canais portugueses e espanhóis, parceiros na empreitada,
não costumam investir em projetos tão suntuosos. Mas a TV brasileira já possui essa tradição, o que
torna a concorrência bastante
desleal aos olhos do espectador
brasileiro.
(THIAGO STIVALETTI)
A Selva
Direção: Leonel Vieira
Produção: Portugal/Brasil/Espanha,
2002
Com: Diogo Morgado, Maitê Proença
Quando: a partir de hoje nos cines Jardim Sul, Penha e circuito
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