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MÚSICA
Protagonista de "Assassinos por Natureza", Juliette Lewis segue carreira musical
Com Juliette & The Licks, atriz faz turnê em festivais europeus
ALEXIA LOUNDRAS
DO "INDEPENDENT"
Da curiosidade pop conhecida
como David Hasselhoff à incansável e péssima banda grunge Dog
Star, de Keanu Reeves, há uma
longa lista de péssimos atores
transformados em músicos. "Afinal, quantos atores você conhece
capazes de fazer boa música?",
pergunta Todd Morse, guitarrista
da banda Juliette & The Licks.
Com um brilho malicioso nos
olhos, ele sugere que a vocalista de
sua banda, Juliette Lewis, conhecida atriz de Hollywood, é diferente. "Ela é um cara como nós."
Depois de uma carreira de 18
anos no cinema, a atriz indicada
para o Oscar e famosa por seu papel em "Assassinos por Natureza", de Oliver Stone, reencarnou
na forma de cantora de rock cheia
de atitude. E vem conquistando
os céticos com seu pop punk.
Deusa do rock com atitude é um
papel que Lewis, 31, nasceu para
interpretar. No palco, ela é uma líder cativante. E hoje, igualmente,
vestindo jeans manchados de tinta e botas verde maçã de salto agulha, ela parece incorporar o papel.
Lewis exala uma sexualidade desordeira. Mas trocando piadas
com seus "irmãos de banda" Lewis não exibe traço de estrelismo.
Posando para fotos, atende com
paciência aos pedidos do fotógrafo, incluindo o de tirar o boné.
"Você está brincando? Não lavei
os cabelos!", diz, antes de expor as
madeixas oleosas.
A noite anterior havia marcado
o final de uma turnê de um mês
que a banda conduziu por clubes
de segunda categoria em toda a
Europa, para divulgar o trabalho
do The Licks. Uma missão difícil e
nada glamourosa. Os membros
da banda estão esgotados, mas o
entusiasmo deles é profundo. Até
mesmo Lewis, que arca com a
maioria das tarefas de promoção,
se mantém relaxada, amistosa e
agradavelmente normal.
"Sempre quis fazer algo assim. É
uma coisa que eu deveria ter feito
a vida toda, mas não tinha a visão
necessária", sorri. "Ou o culhão."
Na adolescência, seus ídolos variavam de Janis Joplin a Grace Jones, de Blondie a Pattie Smith. Na
casa dos 20 anos, entre um filme e
outro, ela fazia shows cantando o
repertório de Billie Holliday, em
clubes enfumaçados. Depois,
uma amiga a colocou em contato
com Pink e com Linda Perry,
compositora de sucessos infalíveis na voz de Christina Aguilera.
Perry e Lewis compuseram três
canções juntas, duas das quais fazem parte do miniálbum do The
Licks, "...Like a Bolt of Lightning".
A despeito da colaboração curta,
Perry, que no passado era parte
do 4 Non Blondes, teve impacto
considerável sobre a parceira.
"Ela me ensinou como brincar
com as palavras, como escapar da
camisa-de-força do canto correto
e não ter medo de exibir minha
voz como se fosse única."
O conselho de Perry é reconhecível em "You're Speaking My
Language", o primeiro álbum de
Juliette & The Licks. A voz de Lewis -seja feroz e roufenha, seja
dolorosa e sedutora- é expressiva, crua e apaixonada. "Não faço
música para parecer cool. Não
quero ser niilista e ignorar tudo
que me cerca. Faço isso para inspirar as pessoas."
Lewis irradia auto-estima, mas
nem sempre viveu assim. Aos 22
anos, era viciada em drogas. Com
a ajuda de um programa de reabilitação, abandonou o vício e retornou à cientologia, religião na qual
foi criada. A cantora defende a vida saudável, ainda que admita
que isso "seja o oposto do rock".
"Não estamos querendo ser o
Pink Floyd. Somos uma banda de
rock divertida. No palco, me sinto
uma espécie de super-herói."
Ainda que continue trabalhando como atriz (fará um filme no
terceiro trimestre), ela está segura
de sua opção pela música. "Se eu
tivesse de escolher entre ser atriz
ou a música, não hesitaria em escolher a música. Com a música,
consigo ser 100% eu mesma".
Tradução Paulo Migliacci
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