São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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OUTRO LADO
"Assumimos R$ 200 milhões"

da Reportagem Local

Em entrevista à Folha por fax, ontem, Amílcare Dallevo Jr., sócio-diretor do grupo TeleTV, rebateu os questionamentos sobre a compra da TV Manchete.
O grupo TeleTV afirma que a transação com a TV Manchete foi uma transferência de concessões e que a TV Ômega (empresa do grupo que adquiriu as concessões) não assumiu o CGC da antiga rede de TV, embora tenha herdado dívidas de mais de R$ 200 milhões.
Segundo Dallevo Jr., os R$ 608 milhões de dívidas apurados em auditoria seriam de várias empresas do grupo Bloch, incluindo a TV Manchete, a Bloch Som e Imagem (produtora) e a editora.
"Muito se falou a respeito do valor das dívidas da TV Manchete. Na realidade, misturava-se dívidas da TV com de outras empresas do grupo. A TV Ômega está assumindo dívidas de mais de R$ 200 milhões, principalmente com a Previdência, além de salários atrasados e empregos. Esta é a realidade", diz.
Dallevo Jr. afirma que a capacidade econômico-financeira da TeleTV foi "submetida à análise técnica das autoridades competentes, o que resultou na comprovação".
O sócio-diretor da TeleTV frisa que já pagou a primeira parcela dos salários atrasados de 1.500 funcionários e que já iniciou o pagamento das dívidas da Manchete com a Previdência.
Dallevo Jr. confirma que a Tecplan é ré em duas ações civis públicas por exploração dos telessorteios. Mas argumenta que todos os sorteios realizados pela empresa tiveram autorização do Ministério da Justiça.
De fato, o Ministério Público Federal questionou na Justiça Federal a legalidade das portarias 413/ 97 e 1.285, do Ministério da Justiça, que autorizavam os telessorteios com base em lei de 1971 que previa sorteios por entidades filantrópicas. Provisoriamente, a Justiça decidiu que as portarias são ilegais.
"O Ministério Público Federal entendeu questionar não a empresa Tecplan, mas sim a legalidade de portarias ministeriais que regulavam a atividade de telessorteios", afirma Dallevo Jr.
"A Tecplan é ré nessas ações, juntamente com todas as televisões, a Telesp, a Embratel e a própria União (Ministério da Justiça). Tudo o que foi feito na época tinha autorização oficial. Portanto, o envolvimento da Tecplan com esses aplicativos foi totalmente de acordo e amparado por legislação e regulamentação específica emanada do próprio Ministério da Justiça."
A suspeita de que grupos estrangeiros estariam por trás da negociação é "absolutamente ficcional", segundo Dallevo Jr., e não passaria de boato.
Dallevo Jr. diz que a partir de agosto a Manchete passará a se chamar Rede TV! e que terá uma "programação ética e comercial".
"Buscaremos ser uma alternativa de qualidade na televisão. Acreditamos ser viável comercialmente uma televisão que transmita entretenimento, informação e jornalismo sério e independente", conclui.


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