SERGIO SALVIA COELHO
CRÍTICO DA FOLHA

Entre o teatro experimental em sede pública e o que se adapta a espaços não convencionais, os pequenos teatros particulares da praça Roosevelt vêm se firmando em meio às incertezas econômicas.
Ali, a Companhia Teatral Os Satyros, que tem um currículo emblemático de resistência cultural, inaugurou seu segundo espaço com "Filosofia na Alcova", adaptação de Rodolfo García Vázquez do texto do Marquês de Sade. A montagem, que deu origem ao grupo em 89, reafirma seus princípios consagrados nos festivais europeus, levando as transgressões de Sade até os limites da performance erótica, sem descuidar do estético. Curiosamente, um conservadorismo no tom dos atores aproxima o espetáculo do melodrama, e o efeito às vezes é de um anarquismo doutrinário. A peça fica devendo uma ousadia na interpretação.
A poucos passos, a Cia. Teatro X vem há três anos propondo novos textos e autores. "Calígula", por Celso Cruz, é uma performance artaudiana que busca atingir a platéia mais com sensações que com idéias articuladas. O imperador romano é tomado como símbolo do artista alternativo, embriagado pelo seu desejo pela lua.
Mas qual é a lua do teatro alternativo? Talvez não tanto a estabilidade financeira. O que lhe faz falta é o contato com o público, o que vem para se intrigar. A eficácia ou não de atingir esse público é o que vai dar provas do poder subversivo do teatro.

Calígula   
Texto: Celso Cruz
Direção: Paulo Fabiano
Com: Liz Mantovani e outros
Onde: Studio Teatro X (pça. Franklin Roosevelt, 124, tel. 3231-0178)
Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h. Até 27/7
Quanto: R$ 12

A Filosofia na Alcova   
Texto e direção: Rodolfo García Vázquez
Com: cia. Os Satyros
Onde: Espaço Satyros 2 (pça. Franklin Roosevelt, 184, tel. 3258-6345)
Quando: de qui. a sáb., às 21h30; dom., às 20h
Quanto: R$ 20 (qui. e sex.) e R$ 25 (sáb. e dom.)