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CAMPOS DO JORDÃO
Cancelamentos e desistências marcam a 30ª edição do evento, que vai de hoje até 1º de agosto em SP
Festival começa sem atração internacional
IRINEU FRANCO PERPÉTUO
especial para a Folha
A 30ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão começa
hoje sem conseguir confirmar nenhuma grande atração erudita internacional.
Se Gilberto Gil é o grande nome
do evento no setor popular (veja
quadro ao lado), o erudito tem sido marcado por cancelamentos,
substituições e reprises -já que as
principais orquestras paulistas
que se apresentarão no festival estarão apenas repetindo programas
já executados na capital do Estado.
A primeira troca acontece hoje.
Alegando doença, o pianista Nelson Freire cancelou seu concerto
com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), regida
por Roberto Minczuk.
Freire, que tocou com a Osesp no
mês passado, será substituído pelo
também pianista Jean Louis
Steuerman. O programa está mantido: "Sheherazade", de Rimski-Korsakov, "Noite no Monte Calvo", de Mussorgski, e "Rapsódia
sobre um Tema de Paganini", de
Rachmaninov.
São peças que já foram apresentadas na temporada 99 da Osesp.
Mas o clima de "déjà vu" do evento, que vai até 1º de agosto, não pára por aí.
Tanto o programa Brahms, da
Orquestra Sinfônica Municipal,
quanto o concerto dedicado a Beethoven, da Orquestra Experimental de Repertório, já foram exibidos no mês passado, no Teatro
Municipal.
A Orquestra de Ribeirão Preto
também estará reapresentando
uma atração do mês passado, a
cantata "Carmina Burana", de Carl
Orff, enquanto a Osesp só toca o
"Réquiem Alemão", de Brahms,
em Campos do Jordão, depois de
tê-lo estreado na reformada Sala
São Paulo, dia 29.
Um dos itens de maior interesse
do Festival -a ópera "Os Contos
de Hoffmann", de Offenbach-
vai a Campos do Jordão no dia 25
-48 horas depois de sua estréia,
no teatro São Pedro, em São Paulo.
Com direção cênica de Iacov Hillel, a ópera terá um homogêneo
elenco nacional e acompanhamento da Sinfonia Cultura, regida
por Luiz Fernando Malheiro.
De resto, artistas brasileiros importantes radicados no exterior
-como o violoncelista Antonio
Meneses e os pianistas José Feghali
e Arnaldo Cohen- também marcam presença na 30ª edição do Festival.
Mas o que chama mesmo a atenção na parte erudita é a falta de um
grande nome de fora -a Orquestra Jovem de Stuttgart que está vindo ao Brasil não é formada por
músicos profissionais, e sim por
estudantes.
Descartado
Durante o mês de junho, vários
astros internacionais foram sondados pela direção do evento, e
chegou a ser anunciada à imprensa
a contratação de Maxim Venguerov, "superstar" russo de 25 anos
que já veio ao Brasil duas vezes e é
hoje mundialmente reconhecido
como um dos maiores violinistas
da atualidade.
Porém, na semana passada, Venguerov foi subitamente descartado
porque era "caro" (por cobrar cachê de US$ 45 mil, valor abaixo dos
US$ 180 mil pagos à soprano norte-americana Kathleen Battle no
ano passado) e "desconhecido".
Embora a violinista russa Viktoria Mullova -que também já tocou no Brasil- tenha sido oficialmente declarada como a substituta
de Venguerov, a Folha apurou que
ela não assinou contrato para tocar
no festival de Campos do Jordão.
Leila Josefowicz, criança prodígio norte-americana do violino, já
foi procurada para substituir Mullova, mas ainda não bateu o martelo. A situação permanece em
aberto: ou se encontra um substituto para Mullova ou o festival fica
sem nenhum destaque erudito internacional.
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