São Paulo, sábado, 03 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CRÍTICA CONTOS/NOVELA Contos de Rubem Fonseca assustam pela banalidade ADRIANO SCHWARTZ ESPECIAL PARA A FOLHA É chato que a crítica não consiga fazer comentários diferentes sobre os livros lançados por Rubem Fonseca nos últimos anos. São obras que, com algumas poucas exceções, diluem, de modo frouxo, uma estratégia ficcional e um modo de narrar peculiar responsáveis por alguns dos contos mais importantes em língua portuguesa na segunda metade do século 20. Mas é mais chato ainda que neste "Axila e Outras Histórias Indecorosas" o que era diluição tenha se tornado quase caricatura, com uns tantos textos que assustam pela banalidade, aproximando-se perigosamente de alongadas piadas sem graça (quem achar o julgamento exagerado deve ler, por exemplo, o conto "Beleza"). Até por isso pareceria interessante a possibilidade de encontrar um Rubem Fonseca diferente, memorialístico, em "José", volume lançado simultaneamente à coletânea de contos. O livro apresenta episódios da vida do "personagem" da infância em Minas Gerais até a época em que cursou direito, com 20 e poucos anos, e adota o procedimento utilizado por J.M. Coetzee em seus "romances autobiográficos" ou por Cristovão Tezza em "O Filho Eterno" -para lembrar obras recentes-, do narrador em terceira pessoa que vê a própria vida à distância. Infelizmente, as semelhanças param aí. "José" não tem nem de longe a ironia seca e quase congelante de "Infância" ou "Juventude", do autor sul-africano, nem a intensidade emocional dos acontecimentos rememorados pelo escritor brasileiro. O livro de Rubem Fonseca mescla um tom laudatório-moralizante e uma confusa lista de citações supostamente eruditas ali inseridas sem grande critério. Termina por não funcionar nem como peça literária nem como história de vida que se lê com interesse, pena, admiração, irritação. ADRIANO SCHWARTZ é professor de literatura da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. JOSÉ AUTOR Rubem Fonseca EDITORA Nova Fronteira QUANTO R$ 36,90 (160 págs.) AVALIAÇÃO regular AXILAS E OUTRAS HISTÓRIAS INDECOROSAS AUTOR Rubem Fonseca EDITORA Nova Fronteira QUANTO R$ 39,90 (210 págs.) AVALIAÇÃO ruim Texto Anterior: Réplica: Crítica do livro passa ao largo do método que articula a narrativa Próximo Texto: Crítica contos: Dalton Trevisan mostra que continua afiado e em forma Índice | Comunicar Erros

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