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Crítica/música
Drexler retorna sem grandes arroubos
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro disco de Jorge
Drexler depois do reconhecimento internacional impulsionado pelo Oscar,
"12 Segundos de Oscuridad" é
um trabalho menos pop do que
seu antecessor ("Eco"), mas
mais refinado em sua forma.
São 13 canções que se fecham
num conjunto homogêneo,
sem grandes arroubos.
Drexler já não se apóia em jogos de palavras e refrões fáceis
e se propõe a apresentar letras
mais complexas e introspectivas. O recurso de abarrotar o
disco com sonoridades latinas
também é usado, mas com mais
moderação. A bossa nova, o
tango, ou gêneros menos conhecidos, como a folclórica baguala, comparecem, mas se integram de maneira mais orgânica às canções.
Numa participação especial,
o barulhinho que anuncia a
chegada de mensagens no MSN
foi incorporado ao seu leque de
citações, em "La Infidelidad en
la Era Informática", uma infame tentativa de construir um
hit cibernético sobre uma situação constrangedora.
Algumas canções se esforçam por se parecer com "Al
Otro Lado del Rio", o maior sucesso de Drexler. É o caso de
"La Vida Es Más Compleja de lo
que Parece" e "Transoceanica".
Ambas têm sua graça, mas não
se igualam à original.
Dentre as que têm colaborações de brasileiros, a melhor é a
faixa-título, cuja música é de
Vítor Ramil, e a letra, de Drexler. Com trabalho timidamente
conhecido no Brasil, o artista
gaúcho exerce sua influência
na região do Prata e promove
um intercâmbio cultural quase
inédito -e "12 Segundos" é um
resultado feliz disso. Já a canção com Maria Rita, "Soledad",
é fraca e careta; enquanto "Disneylandia", com Arnaldo Antunes, é uma divertida colagem de
imagens sobre a miscelânea
cultural latino-americana.
Drexler ganhou o Oscar no
ano passado, na mesma semana em que o Uruguai empossava o esquerdista Tabaré Vázquez, depois de anos na oposição. O clima de euforia era tamanho, para um país em que
poucas coisas internacionalmente relevantes acontecem,
que Vázquez, ao comentar o
tento de Drexler, disse que o
Uruguai estava vivendo um
"maracanazo cultural", referindo-se à alegria coletiva do país
quando a seleção nacional venceu a brasileira, no Maracanã,
pela final da Copa de 1950.
Curiosamente, por meio de
sua música, Drexler lembra,
mas ao mesmo tempo faz as pazes com essa memória.
(SYLVIA COLOMBO)
12 SEGUNDOS DE OSCURIDAD
Artista: Jorge Drexler
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 32, em média
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