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DANÇA
Escola faz apresentações de fim de ano como parte das comemorações do aniversário de abertura da filial brasileira
Bolshoi inicia celebrações dos 3 anos no país
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Desde quarta-feira passada até
ontem, estiveram em Joinville,
para as avaliações e encerramento
do ano da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, seu patrono fundador Vladimir Vasiliev e a bailarina
Ekaterina Maximova. Vasiliev,
que foi primeiro solista e diretor
artístico do Teatro Bolshoi de
Moscou, hoje é coreógrafo. Segundo ele, "não há uma escola como essa nem na Rússia" -frase
consensual, cujo sentido, positivo
ou negativo, tem gerado debates
desde a inauguração em 2000.
As instalações são impressionantes: 11 salas de balé, 12 estúdios individuais de piano, biblioteca, acesso à internet e outras comodidades, onde estudam cerca
de 300 alunos (80% bolsistas) e
trabalham 58 funcionários - incluindo os 17 professores de dança, entre russos, ucranianos e brasileiros. Os alunos têm aulas de
balé, piano, história da dança e da
arte, entre outras matérias. Quem
for aprovado até o fim, cumprirá
oito anos de formação, com uma
carga horária de três horas e meia
por dia. A cada ano há uma apresentação final para o público. Este
ano será o "2002 com Arte".
A escola nasceu de um acordo
entre os diretores do Teatro de
Moscou, o então prefeito de Joinville, hoje governador eleito Luiz
Henrique da Silveira, o empresário João Prestes e sua mulher, a
professora de dança Jô Braska Negrão. Sem fins lucrativos, atrai
uma verba anual de cerca de R$
3,5 milhões.
Depois de três anos, os resultados são contundentes. Não se pode esquecer da dança, mas é até
possível deixá-la de lado, conversando com meninos que se vêem
elevados a uma nova dignidade
na escola. Como diz a professora
Eugenia Feodorova, "é preciso
que seja construído um mundo
cultural dentro do ser humano".
Para ela, o padrão da escola pode
significar, também, uma mudança para melhor na condição profissional dos bailarinos no país.
Vasiliev completa: "Nós juntos
"criamos" as tradições".
Há quem se pergunte o sentido
de montar aqui uma escola de
dança clássica, no modelo russo.
Para o professor Flavio Sampaio,
"não precisamos inventar a roda:
o método Vaganova tem alto padrão de qualidade". Aprender a
organizar o corpo nesse modelo
teria de vir antes de qualquer experimentação.
Que os meninos e meninas estão "organizados" é o mínimo
que se pode dizer. E não expressa
o espírito do lugar, onde as tradicionais reverências, no corredor,
se misturam com alguma irreverência. Não é Moscou. Também
não parece Joinville (ou o que se
espera de uma pequena cidade industrial do Sul). A escola vai de
vento em popa e já tem planos de
expansão, numa nova sede, com
projeto doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Antes disso, deve se formar a
primeira turma de bailarinos. É
cedo, portanto, para medir o significado real da escola. Mas não é
cedo para ver a excelência do trabalho feito -que só faz ressaltar,
pelo contraste, a escassez de projetos dessa envergadura para a
dança no Brasil.
A jornalista Inês Bogéa viajou a convite
da Escola do Teatro Bolshoi
BOLSHOI - 2002 COM ARTE. Quando:
dias 5 e 7, às 19h30; dias 8 e 9, às 16h30 e
às 19h30. Onde: Centreventos Cau
Hansen (dia 5) e teatro Juarez Machado
(dia 7); ambos na av. José Vieira, 315,
Joinville, SC, 0/xx/47/ 433-2190).
Quanto: os ingressos podem ser trocados
por alimentos não perecíveis ou um
brinquedo. Patrocinador: Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.
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