São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANÇA

Escola faz apresentações de fim de ano como parte das comemorações do aniversário de abertura da filial brasileira

Bolshoi inicia celebrações dos 3 anos no país

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

Desde quarta-feira passada até ontem, estiveram em Joinville, para as avaliações e encerramento do ano da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, seu patrono fundador Vladimir Vasiliev e a bailarina Ekaterina Maximova. Vasiliev, que foi primeiro solista e diretor artístico do Teatro Bolshoi de Moscou, hoje é coreógrafo. Segundo ele, "não há uma escola como essa nem na Rússia" -frase consensual, cujo sentido, positivo ou negativo, tem gerado debates desde a inauguração em 2000.
As instalações são impressionantes: 11 salas de balé, 12 estúdios individuais de piano, biblioteca, acesso à internet e outras comodidades, onde estudam cerca de 300 alunos (80% bolsistas) e trabalham 58 funcionários - incluindo os 17 professores de dança, entre russos, ucranianos e brasileiros. Os alunos têm aulas de balé, piano, história da dança e da arte, entre outras matérias. Quem for aprovado até o fim, cumprirá oito anos de formação, com uma carga horária de três horas e meia por dia. A cada ano há uma apresentação final para o público. Este ano será o "2002 com Arte".
A escola nasceu de um acordo entre os diretores do Teatro de Moscou, o então prefeito de Joinville, hoje governador eleito Luiz Henrique da Silveira, o empresário João Prestes e sua mulher, a professora de dança Jô Braska Negrão. Sem fins lucrativos, atrai uma verba anual de cerca de R$ 3,5 milhões.
Depois de três anos, os resultados são contundentes. Não se pode esquecer da dança, mas é até possível deixá-la de lado, conversando com meninos que se vêem elevados a uma nova dignidade na escola. Como diz a professora Eugenia Feodorova, "é preciso que seja construído um mundo cultural dentro do ser humano". Para ela, o padrão da escola pode significar, também, uma mudança para melhor na condição profissional dos bailarinos no país. Vasiliev completa: "Nós juntos "criamos" as tradições".
Há quem se pergunte o sentido de montar aqui uma escola de dança clássica, no modelo russo. Para o professor Flavio Sampaio, "não precisamos inventar a roda: o método Vaganova tem alto padrão de qualidade". Aprender a organizar o corpo nesse modelo teria de vir antes de qualquer experimentação.
Que os meninos e meninas estão "organizados" é o mínimo que se pode dizer. E não expressa o espírito do lugar, onde as tradicionais reverências, no corredor, se misturam com alguma irreverência. Não é Moscou. Também não parece Joinville (ou o que se espera de uma pequena cidade industrial do Sul). A escola vai de vento em popa e já tem planos de expansão, numa nova sede, com projeto doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Antes disso, deve se formar a primeira turma de bailarinos. É cedo, portanto, para medir o significado real da escola. Mas não é cedo para ver a excelência do trabalho feito -que só faz ressaltar, pelo contraste, a escassez de projetos dessa envergadura para a dança no Brasil.


A jornalista Inês Bogéa viajou a convite da Escola do Teatro Bolshoi


BOLSHOI - 2002 COM ARTE. Quando: dias 5 e 7, às 19h30; dias 8 e 9, às 16h30 e às 19h30. Onde: Centreventos Cau Hansen (dia 5) e teatro Juarez Machado (dia 7); ambos na av. José Vieira, 315, Joinville, SC, 0/xx/47/ 433-2190). Quanto: os ingressos podem ser trocados por alimentos não perecíveis ou um brinquedo. Patrocinador: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.


Texto Anterior: Gastronomia: "Guia Josimar Melo 2003" revela aumento de bons restaurantes
Próximo Texto: Música: Brasileiro rege Weill inédito em CD
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.