DA REPORTAGEM LOCAL

"Se a Fantagraphics, também de Seattle, é uma espécie de super-SubPop dos quadrinhos, "Love & Rockets" é um super-Nirvana dos quadrinhos. As proporções são maiores porque a importância da Fantagraphics e da "Love & Rockets" para as HQs dos anos 80 e 90 foram bem maiores que as da SubPop e do Nirvana para a música pop da época."
Quem compara é Rogério de Campos, ex-editor da revista "Animal", que publicava quadrinhos alternativos no Brasil nos anos 90, hoje diretor da editora Conrad.
A relação entre "L&R" e a música não é descabida. Gilbert diz que eles faziam nas HQs aquilo que Ramones e cia. faziam na música. Em especial no núcleo "Locas", o punk rock dava a tônica.
Tanto que, quando os ex-integrantes da banda gótica inglesa Bauhaus montaram um novo conjunto, o Love and Rockets, em 1984, eles surrupiaram descaradamente o nome da HQ. Não adiantou muito, já que o som era ruim e os próprios Hernandez tiraram sarro da situação em uma história.
As aventuras de Maggie e Hopey, de "Locas", mais temperadas com ficção-científica, também devem sair por aqui.
O traço "rock'n'roll" da dupla também estampou capas de outras bandas dos anos 90, como o 7 Year Bitch, e voltou a ganhar destaque em novas histórias criadas por eles, como "Yeah!", em que Gilbert dividiu a bola com Peter Bagge, da HQ grunge "Ódio".
Kim Thompson, editor da Fantagraphics e da revista "The Comics Journal", lembra que ficou de queixo caído quando viu pela primeira vez um fanzine em branco e preto de "Love & Rockets". "Nós lemos e, de pronto, nos oferecemos para publicar. A combinação de romance, realismo, ficção científica e novela era e continua sendo única", diz à Folha.
Com uma breve pausa em 1996, a editora americana voltou a publicar histórias inéditas da série (atualmente no número 12) e tem quatro edições lançadas por ano. Gilbert também trabalha em um projeto de graphic novel para a editora DC. A idéia é contar a história de jovens latino-americanos vivendo nos EUA. De outros jovens... (BYS e DA)


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