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"JORNADA DA ALMA"
Diretor Roberto Faenza retrata vida de Sabina Spielrein, descoberta em 77 ao encontrarem seus diários
Filme revela o amor de paciente por Jung
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais lances da vida de
Sabina Spielrein (1885-1942) correram lado a lado com os fatos
que mudaram o mundo na primeira metade do século 20.
Ela fez psicanálise com Carl
Gustav Jung, quando foi internada num hospital para doentes
mentais em Zurique, na Suíça, em
1905. Anos depois, partiu para a
União Soviética, onde trabalhou
numa escola de tendência libertária. Judia, foi assassinada por nazistas numa emboscada na sua cidade natal, Rostov.
Retratada em "Jornada da Alma", do diretor italiano Roberto
Faenza, parte dessa história permaneceu desconhecida até 1977,
quando foram encontrados no
porão de um palácio em Genebra
seu diário e suas cartas.
A descoberta da correspondência de Spielrein esclareceu a origem da interlocutora que aparece
em cartas endereçadas ao pai da
psicanálise, Sigmund Freud, e ao
seu discípulo, Jung.
As cartas revelaram também a
paixão nutrida pela paciente por
seu terapeuta.
O filme mostra um caso entre os
dois, que teria acontecido quando
Sabina já estava fora do hospital.
Jung era casado e seus herdeiros
foram contra a divulgação do teor
dos documentos.
"No meu filme, Jung é mostrado
sobretudo como ser humano, não
apenas como gênio. Ele era um
homem que teve fraquezas como
qualquer outro", disse o diretor,
em entrevista por e-mail.
O diário perdido de Spielrein é o
condutor do filme. Dois pesquisadores estrangeiros se conhecem
na Rússia de hoje e encontram as
anotações em uma biblioteca.
Por diferentes razões, a dupla
começa a investigar a história de
Spielrein. Em paralelo, a trajetória
dela vai sendo reconstituída a
partir da internação na instituição
onde conheceu Jung.
Alguns trechos das cartas trocadas por Spielrein, Jung e Freud
pontuam o momento em que a
relação dos amantes se degrada.
No filme de Faenza, o romance
é perpetuado pelos tempos, numa
ligação sem vínculos com a realidade. É dessa união mística do casal que vem o título do longa.
A tradução literal de "Soul Keeper", seria "Guardiã da Alma".
"Jornada da Alma" não é ruim,
mas o título original faz referência
a algo que Jung fala para Sabina",
explica Faenza.
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