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"BRIDGET JONES: NO LIMITE DA RAZÃO"
Produção inspirada em livro de Helen Fielding cai no previsível e ignora sexo
Fórmula se desdobra em série moralista
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
Quando é que essa mulherada vai parar de reclamar? Pelo visto, não enquanto a indústria
da fórmula "mulher-trintona-solteira-e-independente-que-reclama-que-os-caras-nunca-telefonam" continuar rendendo.
São filmes e livros que se
apóiam num romantismo mais
do que açucarado, só que revestido de autocomiseração e auto-ironia. Nele se incluem desde a espertinha série americana "Sex
and the City" até subprodutos
-de diferentes qualidades- na
carona do sucesso do livro "O
Diário de Bridget Jones" (1998),
da britânica Helen Fielding.
Este filme é mais um rebento
dessa mãe solteira -ou solteirona. Aqui, Bridget (Renée Zellweger), uma jornalista de TV, encontra o seu "Mr. Right". Ele é
Mark Darcy (Colin Firth), um advogado bem-sucedido e bom de
cama, que se apaixona pelo jeito
"espontâneo" -aqui eufemismo
para ridículo- da gordinha.
Mas, como Darcy é um sujeito
conservador e, pior, daqueles que
dobram a cueca antes de ir dormir, Bridget é tentada por Daniel
Cleaver (Hugh Grant), o cafajeste
barato que tenta reconquistá-la.
Dos escorregões da protagonista às suas frases deslocadas, gafes
em público e pisadas na bola com
os homens, tudo é previsível. Mas
isso não é o pior do filme. O difícil
é agüentar a tentativa de manipulação dos "sentimentos". Por que
temos de simpatizar com a mocinha desse bangue-bangue urbano
se ela é uma chata inconveniente?
Quem quer namorar uma garota
que sobe em árvores para espionar o amado, ouve as mensagens
de sua secretária eletrônica e fala
da vida dele para todo mundo?
Mas Darcy gosta dela mesmo
assim. E vai buscá-la até quando
acaba presa na Tailândia. Entre as
prostitutas com quem divide a cela, Bridget protagoniza uma passagem sofrível, além de um tanto
preconceituosa. Conversando
com as colegas, "descobre" que,
se em Londres (ou Paris, ou Nova
York ou São Paulo) um homem
que se comporta mal é aquele que
não liga no dia seguinte, na Tailândia ele é o que obriga as moças
a se prostituirem. Para a "sorte"
da agora escandalizada Bridget,
um carro da embaixada britânica
a tirará desse meio "selvagem" e
ela poderá voltar a se preocupar
com qual minissaia esconderá
melhor seus quilinhos a mais.
O problema aqui é ser previsível
e moralista. Essa jornalista desengonçada tem muito a aprender
com sua colega Carrie Bradshaw,
de "Sex and the City". No seriado
estão todos os ingredientes de
"Bridget", com a diferença de que,
ali, há humor inteligente e um detalhe que esta produção parece
não ter se lembrado: sexo.
Bridget Jones: No Limite da Razão
Bridget Jones: The Edge of Reason
Direção: Beeban Kidron
Produção: Inglaterra/França/Irlanda/EUA, 2004
Com: Renée Zellweger, Colin Firth
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Bristol, Eldorado e circuito
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