São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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Crítica

Rigoroso, "O Hospedeiro" é falso trash

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O trash é uma valoração meio complicada ao cinema, arte que transita entre estéticas irregulares sem necessariamente trair o bom enquadramento, a boa imagem.
Um certo público médio francês, nos anos 50, por exemplo, achava os filmes de Claude Autant-Lara um primor de requinte. Os críticos da "Cahiers du Cinéma", lúcidos, esclareceram que esse cinema clássico, todo "chique", era um lixo.
Pois "O Hospedeiro" (TC Action, 22h, não indicado a menores de 12 anos) talvez pareça meio "filme de moleque" para alguns, ou mesmo trash (sim, o termo hoje é utilizado como coringa na manga).
E daí? Rigorosíssimo, o coreano Joon-ho Bong mantém a tradição do seu país, a do cinema de gênero, e utiliza todos os recursos para honrá-lo (o monstro do título, inclusive, é um CGI confeccionado por uma empresa norte-americana). Mesmo fazendo bonito na indústria, Bong faz de seu filme algo extremamente político.
Temos, assim, um monstro criado em laboratório por militares norte-americanos (os EUA colonizam culturalmente o país há tempos) e um abilolado que é mais irmão que pai de sua filha e que terá de salvar alguns tantos.
Nesse clima um tanto tresloucado, há espaço também para o terror, até o desfecho que emula as batalhas de "Ultraseven", aquele seriado japonês que a TV brasileira exibia nos anos 70. Que o cinema faça filmes "vagabundos" como esse.



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