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Crítica
Rigoroso, "O Hospedeiro" é falso trash
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O trash é uma valoração
meio complicada ao cinema, arte que transita
entre estéticas irregulares sem
necessariamente trair o bom
enquadramento, a boa imagem.
Um certo público médio
francês, nos anos 50, por exemplo, achava os filmes de Claude
Autant-Lara um primor de requinte. Os críticos da "Cahiers
du Cinéma", lúcidos, esclareceram que esse cinema clássico,
todo "chique", era um lixo.
Pois "O Hospedeiro" (TC
Action, 22h, não indicado a menores de 12 anos) talvez pareça
meio "filme de moleque" para
alguns, ou mesmo trash (sim, o
termo hoje é utilizado como
coringa na manga).
E daí? Rigorosíssimo, o coreano Joon-ho Bong mantém a
tradição do seu país, a do cinema de gênero, e utiliza todos os
recursos para honrá-lo (o
monstro do título, inclusive, é
um CGI confeccionado por
uma empresa norte-americana). Mesmo fazendo bonito na
indústria, Bong faz de seu filme
algo extremamente político.
Temos, assim, um monstro
criado em laboratório por militares norte-americanos (os
EUA colonizam culturalmente
o país há tempos) e um abilolado que é mais irmão que pai de
sua filha e que terá de salvar alguns tantos.
Nesse clima um tanto tresloucado, há espaço também para o terror, até o desfecho que
emula as batalhas de "Ultraseven", aquele seriado japonês
que a TV brasileira exibia nos
anos 70. Que o cinema faça filmes "vagabundos" como esse.
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