São Paulo, segunda, 4 de janeiro de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice O ano de Kubrick
saiba o que se comenta sobre o filme que tem estréia marcada para 16 de julho nos EUA PATRICIA DECIA da Reportagem Local Sexo, segredo, subversão e psicanálise. É "Eyes Wide Shut", ou Stanley Kubrick -o mais perfeccionista, independente e cerebral cineasta norte-americano vivo- de volta ao cinema em 99, 12 anos depois de "Nascido para Matar". Com ele, traz Nicole Kidman, a atriz e símbolo sexual da vez, e seu marido "poderoso em Hollywood" Tom Cruise em cenas de perversão sexual e uso de drogas pesadas. Suficiente? Para o mundo extremamente marketeiro do showbizz norte-americano, talvez até excessivo. O certo é que os "olhos totalmente cerrados" do setuagenário Kubrick vão marcar o cinema nos anos 90. Quais serão essas marcas, só se saberá após 16 de julho, data prevista para a estréia nos EUA. O filme foi rodado na Inglaterra -apesar de a ação acontecer em Nova York, durante a época do Natal-, mas quase todo o resto sobre "Eyes Wide Shut" não passa, ainda, de especulação, graças ao esquema obsessivo de segurança total montado por Kubrick. A mais saborosa de todas (leia quadro ao lado) ficaria por conta da câmera do cineasta. As experiências secretas do casal de psiquiatras (Kidman e Cruise) teriam sido filmadas para transformar o espectador em voyeur. Frente a seus olhos, provavelmente bem abertos, devem passar orgias, homossexualismo, travestismo (Tom Cruise de lingerie feminina?), fetiches e nu frontal. Os americanos -sempre eles- se referem ao filme como "pornô chique". Mas é pouco provável que haja algo de "9 Semanas e 1/2 de Amor" nessa adaptação de "Raphsody: A Dream Novel", do dramaturgo e romancista austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931), pelo homem que filmou "2001 - Uma Odisséia no Espaço". Por enquanto, no entanto, o debate em torno do filme é comercial. A Warner preocupa-se com a classificação "proibido para menores de 21 anos", já quase certa e sinônimo de bilheteria menor. Mas Kubrick, com seu esquema a prova de choques, continua resistindo às pressões por concessões. É o embate, mais uma vez, entre a arte e o entretenimento. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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