São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

É doce viver no mar

Wagner Gusmão/Folha Imagem
Modelo pelo Romário se interessou: um da marca Schaefer de 48 pés, estimado em mais de R$ 2 milhões


Mais de 50 mil brasileiros já realizaram o sonho do iate próprio

O empresário têxtil José Omati conta que nunca tem dúvidas sobre seu destino de viagem nas vésperas de feriado. Ele deixa o escritório em São Paulo e parte para Ubatuba para se divertir com o iate de 50 pés (15 m de comprimento), avaliado em R$ 900 mil. É o próprio Omati quem pilota o "brinquedo", de três quartos, cozinha e sala. "Não precisa ser milionário para ter um barco", diz ele. "Tem pessoas que têm fazenda, não tem? Eu não. Preferi ter um barco."

 

Simples assim. Pelo menos para os 53 mil brasileiros que já conseguiram realizar o sonho do iate próprio. O mercado está aquecido: em 2006, foram vendidos 3.500 iates novos; 200 a mais que em 2005; 300 a mais que em 2004. Há modelos de mais de R$ 20 milhões. Em todo o país, são mais de 150 fabricantes e 600 marinas.
 

O cantor Zeca Pagodinho tem o seu, de 34 pés. O apresentador Gugu Liberato tem um de 58 pés. Ana Maria Braga já expôs até na TV o barco de 85 pés e cinco suítes.
 

No último fim de semana, na porção continental de Angra dos Reis, o jogador Romário foi flagrado pela coluna de olho em um exemplar de R$ 2 milhões na feira náutica Iate Day.
 

"Ainda estou negociando, mas gostei deste aqui", diz Romário, apontando para o modelo Phantom de 48 pés, três quartos e ar-condicionado. "Dá para colocar uma caixa de som aqui?", pergunta ao vendedor, enquanto sua mulher, Isabela Bittencourt, quer saber se a cor branca do iate poderia ser "mais brilhante".
 

Marcio Schaefer, dono do estaleiro, explica ao casal que o painel é preto para que não reflita no vidro. "Nossa, a gente nem pensa nessas coisas, né?", diz Isabela, com a mão na cabeça. "Só ando em barco de amigo. Sai mais barato, mas está na hora de eu comprar", explica Romário.
 

"Ele falou que, se ele comprar mesmo, vai dar o nome de "Vidinha", que é como ele me chama", comemora Isabela.
 

Quando o dentista Helio Fernandes comprou seu primeiro iate, preferiu um modelo "popular", de 23 pés. Foi evoluindo. Hoje é dono de um barco de 37,5 pés. "Barco é uma cachaça", define. "Você começa com uma dose pequena e vai aumentando." Ele costuma chamar os amigos e sair com a mulher para o mar. "Vamos tomando um espumante, batendo um papo, sabe? Algo bem light."
 

Como em outros brinquedos luxuosos, como carros importados e cavalos de raça, não basta ter dinheiro para comprar o iate. É preciso desembolsar outros milhares de reais todos os meses. Guardar o barco em uma "vaga seca" (longe do mar) custa até R$ 10 mil mensais. "Estacioná-lo" à beira-mar sai entre R$ 400 e R$ 5.000 (variáveis com o status da marina e o porte da embarcação).
 

A convivência com os colegas de proa se torna atrativo. "Não é que exista um clubinho fechado, mas o iate acaba selecionando as pessoas que vêm às festas de Angra dos Reis. Vem quem tem barco", diz o advogado Matheus Fernandes, que procurava, no Iate Day, trocar seu barco usado por um novo.
 

Também é preciso ter cacife para estender as delícias para dentro do barco. "Charuto e champanhe", diz o advogado Ricardo Lazzuri, 54, sobre os itens indispensáveis em alto-mar. "Nada melhor do que navegar, acender um charuto, ficar conversando com o vento na cara... Angra dos Reis é o paraíso."
 

Lazzuri mora em São Paulo. A distância de Angra está longe de ser problema. "Dá para vir rapidinho. Pego o avião e, em 35 minutos, estou aqui."

LUISA ALCANTARA E SILVA (reportagem)

Texto Anterior: "Desperate" volta com mais humor; polêmica cerca bastidores de "Grey's"
Próximo Texto: Avallone reclama de ir para o banco na Band
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.