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Coreógrafo cria com computador
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Por muito tempo, a dança ilustrou a música. Hoje bailarinos
dançam o silêncio, inserem novas
tecnologias em cena, utilizam os
figurinos como recurso de movimentação para explorar o corpo
em sua plenitude.
Um dos responsáveis por essa
revolução na forma de pensar a
dança, o corpo, a música e a tecnologia é o coreógrafo americano
Merce Cunningham (1919).
Em parceria com o compositor
e poeta John Cage (1908-92), no final da década de 40, fez experimentos que isolavam a concepção
da coreografia e da música de
uma mesma peça para que os dois
artistas (músico e coreógrafo) tivessem mais liberdade para criar.
Nos anos 50, Cunningham idealizou o recurso de operações aleatórias na coreografia, em que poderia produzir várias seqüências
(as frases da dança) para depois
amarrá-las livremente.
O trabalho de Cunningham
com vídeo foi iniciado nos anos
70. Foi quando percebeu que poderia criar novas formas de
"olhar" a dança -como usar câmeras para aproximar detalhes
dos corpos enquanto dançavam.
Como na visão de Cunningham
o corpo não poderia estar desconectado das transformações do
mundo, os anos 90 marcam a interação de seu trabalho com os
programas de computador. Foi
quando passou a coreografar com
o auxílio de softwares, que permitem idealizar e somar frases coreográficas e guardá-las. Dessa
forma, consegue aprimorar a movimentação antes de passá-la para
a execução dos bailarinos.
Um dos pontos mais marcantes
do pensamento de Cunningham é
o acaso, presente em suas obras
desde 1951. Sua primeira coreografia, "Sixteen Dances for Soloist
and Company of Three" (1951),
não possui nenhuma história
nem busca coerência temática.
"Meu trabalho sempre esteve
em processo. Terminando uma
dança, fica-me a idéia, freqüentemente fraca no início, para a próxima. Não concebo dança como
um objeto, vejo-a como uma pequena parada no caminho", disse
Cunningham nos anos 90.
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