São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Coreógrafo cria com computador

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

Por muito tempo, a dança ilustrou a música. Hoje bailarinos dançam o silêncio, inserem novas tecnologias em cena, utilizam os figurinos como recurso de movimentação para explorar o corpo em sua plenitude.
Um dos responsáveis por essa revolução na forma de pensar a dança, o corpo, a música e a tecnologia é o coreógrafo americano Merce Cunningham (1919).
Em parceria com o compositor e poeta John Cage (1908-92), no final da década de 40, fez experimentos que isolavam a concepção da coreografia e da música de uma mesma peça para que os dois artistas (músico e coreógrafo) tivessem mais liberdade para criar.
Nos anos 50, Cunningham idealizou o recurso de operações aleatórias na coreografia, em que poderia produzir várias seqüências (as frases da dança) para depois amarrá-las livremente.
O trabalho de Cunningham com vídeo foi iniciado nos anos 70. Foi quando percebeu que poderia criar novas formas de "olhar" a dança -como usar câmeras para aproximar detalhes dos corpos enquanto dançavam.
Como na visão de Cunningham o corpo não poderia estar desconectado das transformações do mundo, os anos 90 marcam a interação de seu trabalho com os programas de computador. Foi quando passou a coreografar com o auxílio de softwares, que permitem idealizar e somar frases coreográficas e guardá-las. Dessa forma, consegue aprimorar a movimentação antes de passá-la para a execução dos bailarinos.
Um dos pontos mais marcantes do pensamento de Cunningham é o acaso, presente em suas obras desde 1951. Sua primeira coreografia, "Sixteen Dances for Soloist and Company of Three" (1951), não possui nenhuma história nem busca coerência temática.
"Meu trabalho sempre esteve em processo. Terminando uma dança, fica-me a idéia, freqüentemente fraca no início, para a próxima. Não concebo dança como um objeto, vejo-a como uma pequena parada no caminho", disse Cunningham nos anos 90.


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