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Franceses têm boa participação
Na Sé, público fez fila durante toda a madrugada para ver performance poética
Na Luz, grupo montou gigantesca instalação de fogo; "Onde estão mendigos e prostitutas da área?", questiona espectador
DA REPORTAGEM LOCAL
A aposta da organização da
Virada em incrementar as intervenções urbanas neste ano
teve bons momentos pelas
mãos de artistas franceses.
Na catedral da Sé, na noite de
sábado, as preces deram lugar à
poesia. Era a performance "A
Confidência dos Pássaros Migratórios", do Les Souffleurs
(os sopradores), em que 19 atores se revezavam no alto de "árvores" metálicas para sussurrar, por tubos fluorescentes,
poesias de escritores lusófonos.
Na outra ponta, ouviam-se versos de Camões, Drummond,
Gullar e outros, num "portufrancenhol" esforçado.
"É lindo. O gesto de levantar
os braços para receber uma
mensagem do alto tem um paralelo interessante com igreja,
religião", disse a educadora em
artes Beatriz Bianco, 48, que
passou pela Sé às 2h50 de domingo, quando ainda havia cerca de 50 pessoas na fila em
frente à catedral -no início, às
21h25 (atraso de 25 minutos),
eram mais de 300.
No parque da Luz, na madrugada de sábado para domingo, a
"Instalação de Fogo" da Cie.
Carabosse fez o lugar parecer
uma vila medieval. Apesar dos
milhares de pontos incandescentes, a reportagem não viu
nenhum bombeiro durante a
caminhada de 80 minutos pelo
lugar. A assessoria da Virada informou que eles eram 16.
No meio das trilhas de fogo,
havia curiosas engenhocas mecânicas que misturavam fogo e
água. "É maravilhoso. É tudo
artesanal, sem tecnologia, como as lamparinas dos anos 20 e
30", afirmou a dona-de-casa
Lourdes Salvador, 65.
"Mas onde estão os mendigos
e prostitutas da Luz? Fizeram
uma limpeza humana", observou o psiquiatra Andreas S.
(preferiu não dar o sobrenome), 28, que passou pelo jardim
antes de ir ver o pas-de-deux do
francês Philippe Priasso com
uma retroescavadeira, no vale
do Anhangabaú, à 0h30 de domingo, ao som de ópera.
"É louco porque é muito sensual. A máquina parece uma
perna, é lânguida", disse ele.
"Me lembrou os filmes de Chaplin e King Kong", completou o
ator Denis Goyos, 35.
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