São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Franceses têm boa participação

Na Sé, público fez fila durante toda a madrugada para ver performance poética

Na Luz, grupo montou gigantesca instalação de fogo; "Onde estão mendigos e prostitutas da área?", questiona espectador


DA REPORTAGEM LOCAL

A aposta da organização da Virada em incrementar as intervenções urbanas neste ano teve bons momentos pelas mãos de artistas franceses.
Na catedral da Sé, na noite de sábado, as preces deram lugar à poesia. Era a performance "A Confidência dos Pássaros Migratórios", do Les Souffleurs (os sopradores), em que 19 atores se revezavam no alto de "árvores" metálicas para sussurrar, por tubos fluorescentes, poesias de escritores lusófonos. Na outra ponta, ouviam-se versos de Camões, Drummond, Gullar e outros, num "portufrancenhol" esforçado.
"É lindo. O gesto de levantar os braços para receber uma mensagem do alto tem um paralelo interessante com igreja, religião", disse a educadora em artes Beatriz Bianco, 48, que passou pela Sé às 2h50 de domingo, quando ainda havia cerca de 50 pessoas na fila em frente à catedral -no início, às 21h25 (atraso de 25 minutos), eram mais de 300.
No parque da Luz, na madrugada de sábado para domingo, a "Instalação de Fogo" da Cie. Carabosse fez o lugar parecer uma vila medieval. Apesar dos milhares de pontos incandescentes, a reportagem não viu nenhum bombeiro durante a caminhada de 80 minutos pelo lugar. A assessoria da Virada informou que eles eram 16.
No meio das trilhas de fogo, havia curiosas engenhocas mecânicas que misturavam fogo e água. "É maravilhoso. É tudo artesanal, sem tecnologia, como as lamparinas dos anos 20 e 30", afirmou a dona-de-casa Lourdes Salvador, 65.
"Mas onde estão os mendigos e prostitutas da Luz? Fizeram uma limpeza humana", observou o psiquiatra Andreas S. (preferiu não dar o sobrenome), 28, que passou pelo jardim antes de ir ver o pas-de-deux do francês Philippe Priasso com uma retroescavadeira, no vale do Anhangabaú, à 0h30 de domingo, ao som de ópera.
"É louco porque é muito sensual. A máquina parece uma perna, é lânguida", disse ele. "Me lembrou os filmes de Chaplin e King Kong", completou o ator Denis Goyos, 35.


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