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Leis são principais fontes de recursos estaduais para a arte
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As leis fundamentadas em abatimento no ICMS do valor aplicado em cultura são a principal fonte de recursos dos governos estaduais nessa área. Só o Rio Grande
do Sul estima a circulação de até
R$ 30 milhões neste ano -como
o montante é calculado sobre um
percentual de arrecadação futura,
não é possível fechar os valores.
Com recursos levantados pela
venda de produtos (e não sobre o
lucro, como a lei Rouanet), as leis
estaduais atingem um perfil diferenciado de empresas. Têm importância significativa na produção cultural, especialmente em
projetos de âmbito regional, mais
baratos e sem o apelo de artistas
de renome, ou como aliadas de
produções mais caras. "Elas têm
sido um complemento importante para o audiovisual", diz Assunção Hernandez, presidente do
Congresso Brasileiro de Cinema.
Em alguns casos, mais que isso.
"A Paixão de Jacobina", de Fábio
Barreto, aprovou para captação
na lei estadual gaúcha R$
1.442.667 -um quarto do que foi
movimentado, via lei federal. O
orçamento total do filme era de
R$ 8,3 mi. De "Retrato Pintado",
de Joe Pimentel, produzido no
Ceará, a "Samba Canção", do mineiro Rafael Conde, boa parte da
produção fora do eixo RJ-SP tem
recorrido a ela para colocar seus
projetos em pé.
Nas artes cênicas, o peso é ainda
maior -seja em produções como
as do teatro Guaíra, em Curitiba,
ou de grupos como o Galpão, em
Minas Gerais. Em território mineiro, projetos como o Circuito
Telemig Celular, que já levou espetáculos a 51 cidades do Estado,
dificilmente existiria sem a lei.
Desde 1998, a Telemig Celular
investiu R$ 14,53 mi em cultura
pela lei estadual. Neste ano, praticamente metade dos R$ 7,6 mi
previstos pela empresa serão viabilizados pela lei estadual. "A primeira questão é saber se o Estado
usaria esses recursos melhor que
as empresas", cutuca Marcos Barreto Corrêa, 37, gerente de desenvolvimento cultural da telefônica
mineira. "Se a lei acabar, os investimentos das empresas em cultura vão, no mínimo, cair muito."
Crítico do mecanismo de financiamento dependente das leis de
renúncia fiscal, o consultor de patrocínio empresarial Yacoff Sarkovas vê com maus olhos uma
virtual mudança abrupta. Acha,
contudo, o momento apropriado
para o debate. "Além de ineficiente e perdulário, o atual sistema está mostrando como é frágil", diz.
"Este episódio torna mais premente a mudança de modelo",
afirma ele, em defesa da criação
de fundos públicos com recursos
orçamentários governamentais.
(IV)
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