São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Crítica/"Kung Fu Panda"

Animação simpática investe na ideologia da diversidade

Filme da Dreamworks traz urso gordinho que é confundido com guerreiro

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

É a vingança dos gordinhos! Depois de terem se convertido num dos alvos constantes das campanhas de saúde, eternos excluídos das passarelas da moda e dos ideais de beleza, os carregadores de muitos quilos a mais passaram a ganhar no cinema a chance de salvar o mundo.
Na semana passada, vieram como os obesos sobreviventes de uma humanidade exilada na animação "Wall-E". A partir de hoje, repetem a dose na figura rotunda do ursão de "Kung Fu Panda".
A nova animação da Dreamworks segue a linha de sucesso da casa, trazendo para o público um punhado de personagens na forma de animais, mas que se comportam, de fato, como representantes de uma natureza completamente humana.
Do mesmo modo que nas aventuras de "Shrek" e da bicharada de "Madagascar", o que "Kung Fu Panda" investe de mais simpático é na ideologia da diversidade. Pelo menos nesse mundo da fantasia, os excluídos têm vez.
Com sua aparência nada leve, Po leva uma vida sem graça servindo macarrão no restaurante da família. Até que acaba confundido, graças a uma de suas tantas trapalhadas, com um guerreiro talhado para salvar os fracos das garras do vilão, o leopardo Tai Lung.
Desse modo, descobre que sua fragilidade pode esconder a maior força. Para além do caráter bem-intencionado das mensagens, o que as aventuras do grandalhão Po garantem mesmo é um bocado de diversão.
Mais uma vez, a animação, feita da mistura de tecnologia digital e desenhos a mão, alcança figurações que escapam da referência realista que predomina nas produções da Pixar. As primeiras imagens de "Kung Fu Panda" ilustram, sob a forma de impressionantes grafismos, uma gama estilizada de referências, na apresentação dos animais lutadores, os cinco furiosos.
O universo é o dos filmes orientais de artes marciais, com seus golpes velozes, roupagem exuberante e movimentos que desafiam os limites da gravidade.
Neste ambiente dominado pelas forças da fantasia, as texturas da animação fazem maravilhas não apenas no movimento dos personagens. Os fundos impressionantes restituem as imagens de uma China pictórica, inspirada nas paisagens do vale do rio do Li e na arquitetura dos templos da região da cidade de Guilin. Sobre tanta leveza, o grandalhão Po substitui com graça e peso o verdão Shrek no papel do desajeitado que todo mundo adora.


KUNG FU PANDA
Produção: EUA, 2008
Direção: John Stevenson e Mark Osborne
Onde: estréia hoje nos cine Anália Franco, Bristol e circuito; livre
Avaliação: bom



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