São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Dylan causa polêmica ao liberar remix de canção

DJ britânico fez versão dançante de "Most Likely..." para coletânea do cantor

DJ Mark Ronson ganhou fama como produtor de Aguilera e Winehouse; remix tem tonalidade soul e uma sessão de metais funk

DA REPORTAGEM LOCAL

Os gritos de "Judas!" não são estranhos a Bob Dylan, como bem sabem os fãs do cantor -ou qualquer um que tenha assistido ao documentário de Martin Scorsese sobre ele, "No Direction Home" (2005).
O cantor os ouviu no histórico Festival Folk de Newport (EUA) de 1965, quando subiu ao palco com uma banda elétrica em substituição ao tradicional formato acústico de violão e gaita, e, em escala menor, torna a ouvi-los agora devido a outra "modernização" em sua obra.
A celeuma da vez está sendo causada pela concordância de Dylan em ceder uma de suas canções -"Most Likely You'll Go Your Way (And I'll Go Mine)", do clássico "Blonde on Blonde", de 1966- para ser remixada em versão dançante pelo produtor e DJ britânico Mark Ronson.
O resultado, que tem um trecho disponibilizado no site myspace.com/markronson, foi lançado nas rádios no começo deste mês e vai estar na caixa "Dylan", coletânea com três CDs, postais e um livro que deverá ser lançada em outubro.
"É uma vergonha que Dylan tenha aprovado essa versão. Ficou parecendo uma música de Carnaval ruim, espero que ele não estrague outras canções", disse um fã holandês do cantor em uma das incontáveis listas de discussão dylanescas.
Ronson ganhou fama como produtor de Christina Aguilera e Amy Winehouse e graças também a seu disco "Version" (2006), em que faz versões de músicas como "Oh My God", do Kaiser Chiefs (com Lilly Allen nos vocais).
Seu remix de "Most Likely..." tem uma tonalidade soul e uma sessão de metais funk que lembram muito seu trabalho com Winehouse, além de remeter a outra versão célebre, a do Junkie XL para "A Little Less Conversation", de Elvis Presley.
A gravadora de Dylan (a mesma de Ronson) não esconde que a intenção é obter o mesmo sucesso que o remix de Presley.
"Queremos levar a música de Dylan a um público não familiarizado com ela, num estilo parecido com a campanha de Elvis", disse Mike Smith, executivo da Columbia Records, ao jornal britânico "The Times".
Não é a primeira vez que canções do astro ganham versões distantes de sua órbita original. Como os fãs lembraram durante as discussões, já houve duas versões obscuras, em forma de rap: a do grupo Wack Attack para "Subterranean Homesick Blues" e a dos italianos Articolo 31 para "Like a Rolling Stone".


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