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COMIDA
Crítica
Infiltrado entre as cantinas do Bexiga, Amazônia traz de volta sabores do Norte
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Há quatro anos, São
Paulo não tinha nenhum restaurante
com a cozinha da Amazônia
-justamente a desta região que
alguns dos maiores chefs do
mundo apontam como o berço
da culinária do futuro, mas que
ainda é menosprezada no Brasil, por variados motivos.
Pois agora o paraense Paulo
Leite, que já teve duas casas
dessa especialidade aqui, volta
à carga. Ex-proprietário dos finados Tucupi e Carimbó, ele
inaugurou há um mês o Amazônia, no Bexiga, infiltrado entre as tradicionais cantinas do
bairro, com a missão de mostrar aos paulistanos que, apesar
da vizinhança, molho ao sugo
não é caldo de tucupi.
Leite, 53, é ator e está em São
Paulo desde 1978, onde vem
misturando sua profissão com
a de restaurateur. Abriu o Tucupi em 1995, fechou-o em
2002, quando abriu o Carimbó,
na mesma rua Bela Cintra, e
vendeu a casa (que depois fechou) em 2004. Agora no Amazônia ele volta com a mesma
proposta singela: apenas mostrar a cozinha da sua região.
Não há invenções ou reinterpretações, não há cardápio
imenso (o que cria algumas lacunas): mas o que há vale a visita. São sucos e batidas de frutas
como cajá e cupuaçu; um reconfortante caldinho de caranguejo (pode ser também de piranha); o intenso e revigorante
tacacá (com tudo a que tem direito: caldo de tucupi, goma de
mandioca, folhas e folhas de
jambu, camarão seco); peixes
como pirarucu e tambaqui
(deste, embora seja oferecida a
costelinha, o que vem é um filé), preparados na chapa; a maniçoba (carnes de porco e bovina na pasta de folhas de mandioca); e, claro, pato no tucupi.
O lugar é simples, despojado,
com salão dividido por meio-piso, um balcão na entrada, o
chão pintado de verde como as
matas de lá. A comida recende
autenticidade, embora nas
mãos de um chef habilidoso
talvez sofresse uns retoques
-por exemplo, tanto no tacacá
quanto no pato ao tucupi, a
presença do jambu, com seu característico sabor e efeito
"anestésico", é tão intensa que
mascara outros sabores.
Entre as sobremesas, toda a
atenção aos sorvetes é pouca.
De milho, de tapioca, de açaí,
de taperebá, entre outros,
são uma explosão de gosto
brasileiro na boca. Sabores
bem-vindos de volta.
josimar@basilico.com.br
AMAZÔNIA
Avaliação:
Endereço: r. Rui Barbosa, 206,
Bela Vista, tel. 0/xx/ 11/
2142-9264
Funcionamento: ter. a sex.,
das 19h às 23h30; sáb., das
12h às 16h e das 19h às 23h30;
dom., das 12h às 16h
Ambiente: simples e decente.
Um salão com dois pisos, bar
na entrada, muito verde... na
pintura
Serviço: é bem disposto e
esforça-se por explicar os
pratos
Vinhos: dizem estar ainda
fazendo a carta. Por enquanto
são apenas dois...
Cartões: todos
Estacionamento: não
Preços: entradas, R$ 9 a R$
17; pratos principais, R$ 24 a
R$ 46 (para duas pessoas);
sobremesas, R$ 6,50 a R$ 15
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