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Escadinha vira herói em faixa
especial para a Folha
Alguém um dia definiu o então
embrionário gangsta rap como a
"CNN do Gueto". Que dizer, então, de "O Juramento É Meu Lugar", um pagode que sintetiza, em
três rapidíssimas estrofes, a história de uma localidade, o Morro do
Juramento?
"(...)Todos já sabem qual é a lição/ No Rodo, no Miolo e na favela
do Porco/ Eu vou lhe dizer/ O ensino com o tempo ensina/ E todos já
sabem como proceder/ Agora só
falta o Escada/ Pra rapaziada subir
e descer", uma das estrofes, poderia até ser menos explícita com a
mudança de gênero de um artigo
definido. Mas "o ensino ensina" é
grandioso.
José dos Reis Encina, codinome
Escadinha, célebre por fugir de helicóptero da prisão de Ilha Grande
no reveillon de 85, chefe do tráfico
de cocaína na região, parece ser
mais querido no Juramento que
um delegado cuja ação contra ele
resultou na destruição da igreja local.
A música condena o sistema penal -Escadinha está agora em
Bangu 1- com os versos "Esse homem pra gente tem utilidade/ Vai
fortalecer nossa população" e sugere que a reconstrução da igreja
deveu-se ao presidiário. Mais, que
com a nova capela, o povo vai poder rezar "pedindo a Deus que perdoe aquele delegado".
No fim, uma panorâmica digna
de "Bye, Bye, Brasil": "E um lindo
reflorestamento existente no morro/ É de se admirar/ É um convite
às Forças Armadas/ Chegar desarmadas para descansar". Gil de
Carvalho e Eliezer da Ponte, os autores, já têm meu voto para o prêmio Sharp.
(PV)
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