São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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Rampling vira uma cirurgiã aventureira

Britânica retorna ao Rio para falar sobre sua personagem no filme "Rio Sex Comedy", de Jonathan Nossiter

Atriz deixa de lado expressão melancólica e abraça o bom humor em longa em que atua com Ivo Pitanguy

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

"Há qualquer coisa no clima no Rio que estabiliza o nosso humor. Foram dois meses e meio de filmagem e foram dois meses e meio em que estive de bom humor.
Acho que nunca passei tanto tempo seguido de bom humor", descreve, com um raro e breve sorriso, a britânica Charlotte Rampling.
A atriz de olhos sedutores e fugidios como os de um felino conversou com a Folha na última sexta-feira, um par de horas depois de ter chegado de Paris.
Rampling, 64, voltou à cidade para participar da divulgação de "Rio Sex Comedy", de Jonathan Nossiter (diretor de "Mondovino").
A produção também traz no elenco Bill Pullman, Irene Jacob e Jerome Kircher.
"Quis fazer o filme porque gostei da ideia de reunirmos atores amigos e fazer um filme próximo do documentário", diz Rampling. "As coisas que minha personagem fala é o que eu falaria."
Ela faz o papel de uma cirurgiã plástica que aporta no Rio para fugir do casamento monótono. Ao chegar, tenta convencer as pessoas a desistirem de corrigir o nariz arrebitado ou colocar silicone. "No Brasil, se você não tem vontade de fazer plástica, parece que o estranho é você", diz ela, que contracenou inclusive com o cirurgião Ivo Pitanguy.

INGLESA SEXY
Quem tem de Rampling a imagem melancólica e densa estranhará sua aparição em "Rio Sex Comedy", que será lançado em 2011.
A atriz, nos trópicos, surge mais irônica e aventuresca.
"Esse é também um lado meu, mas um lado que ficou apagado do público", diz.
Curiosamente, foi com uma comédia de pitadas sexuais, "A Bossa da Conquista" (1965), que se deu sua estreia no cinema, aos 19 anos.
Ela era, então, uma típica inglesa sexy da década 60 -na tela e na vida real.
Mas, antes da década terminar, sua irmã morreu. E do luto fez-se a Rampling densa.
Luchinho Visconti enquadrou seu olhar em "Deuses Malditos" (1969); Liliana Cavani colocou-a numa relação sadomasoquista em "Night Porter" (o porteiro da noite, 1974); Woody Allen quis dela a sombra em "Memórias" (1980); para as novas gerações, ressurgiu enigmática em "Sob a Areia" (2001), de François Ozon.
"Gosto de ir ao fundo das coisas e dos filmes que nos fazem refletir", diz sobre a imagem que construiu. "Não fiz só filmes assim e não sou só isso. Mas foi o que ficou na memória das pessoas."
Rampling admite, porém, que não consegue separar os papéis do seu próprio ser.
"Sempre encontro o personagem em algum lugar dentro de mim mesma."

A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a convite do Festival do Rio



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