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Rampling vira uma cirurgiã aventureira
Britânica retorna ao Rio para falar sobre sua personagem no filme "Rio Sex Comedy", de Jonathan Nossiter
Atriz deixa de lado
expressão melancólica
e abraça o bom humor
em longa em que atua
com Ivo Pitanguy
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
"Há qualquer coisa no clima no Rio que estabiliza o
nosso humor. Foram dois
meses e meio de filmagem e
foram dois meses e meio em que estive de bom humor.
Acho que nunca passei tanto
tempo seguido de bom humor", descreve, com um raro
e breve sorriso, a britânica Charlotte Rampling.
A atriz de olhos sedutores
e fugidios como os de um felino conversou com a Folha
na última sexta-feira, um par de horas depois de ter chegado de Paris.
Rampling, 64, voltou à cidade para participar da divulgação de "Rio Sex Comedy", de Jonathan Nossiter
(diretor de "Mondovino").
A produção também traz
no elenco Bill Pullman, Irene Jacob e Jerome Kircher.
"Quis fazer o filme porque
gostei da ideia de reunirmos
atores amigos e fazer um filme próximo do documentário", diz Rampling. "As coisas que minha personagem
fala é o que eu falaria."
Ela faz o papel de uma cirurgiã plástica que aporta no
Rio para fugir do casamento
monótono. Ao chegar, tenta
convencer as pessoas a desistirem de corrigir o nariz arrebitado ou colocar silicone.
"No Brasil, se você não
tem vontade de fazer plástica, parece que o estranho é
você", diz ela, que contracenou inclusive com o cirurgião Ivo Pitanguy.
INGLESA SEXY
Quem tem de Rampling a imagem melancólica e densa estranhará sua aparição em
"Rio Sex Comedy", que será lançado em 2011.
A atriz, nos trópicos, surge mais irônica e aventuresca.
"Esse é também um lado meu, mas um lado que ficou apagado do público", diz.
Curiosamente, foi com uma comédia de pitadas sexuais, "A Bossa da Conquista" (1965), que se deu sua estreia no cinema, aos 19 anos.
Ela era, então, uma típica inglesa sexy da década 60 -na tela e na vida real.
Mas, antes da década terminar, sua irmã morreu. E do
luto fez-se a Rampling densa.
Luchinho Visconti enquadrou seu olhar em "Deuses
Malditos" (1969); Liliana Cavani colocou-a numa relação
sadomasoquista em "Night
Porter" (o porteiro da noite,
1974); Woody Allen quis dela
a sombra em "Memórias"
(1980); para as novas gerações, ressurgiu enigmática
em "Sob a Areia" (2001), de François Ozon.
"Gosto de ir ao fundo das
coisas e dos filmes que nos
fazem refletir", diz sobre a
imagem que construiu. "Não
fiz só filmes assim e não sou
só isso. Mas foi o que ficou na memória das pessoas."
Rampling admite, porém, que não consegue separar os papéis do seu próprio ser.
"Sempre encontro o personagem em algum lugar dentro de mim mesma."
A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a
convite do Festival do Rio
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