|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SHOW
Apresentação encerra a Mostra Internacional de Cinema
Musa de Serge Gainsbourg, Jane Birkin canta o erotismo em SP
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela revolucionou a música com
sussurros e uma mensagem de
amor que se tornou sinônimo de
erotismo (e vulgaridade), no final
dos anos 60. Desde que Jane Birkin disse "Je t'Aime" a Serge
Gainsbourg, seu parceiro de vida
e arte, a atriz e cantora carrega o
estigma de ser a mulher que gravou "Je t'Aime... Moi Non Plus".
"Eu tenho um passado condenável", diz ela entre risos.
Atração de hoje do Sesc Pinheiros, na cerimônia de encerramento e premiação da 28a edição da
Mostra Internacional de Cinema
de São Paulo, Birkin mostra as
músicas de seus dois álbuns mais
recentes, "Arabesque" (2002) e
"Rendes-Vouz" (2004).
Mais de 30 anos depois da "canção maldita", como ela se refere
ao seu mais conhecido hit, a inglesa radicada na França continua
arrebatando corações -prova
disso é que, praticamente sem divulgação, os mil ingressos para o
show de hoje se esgotaram dois
dias antes da apresentação.
Não é à toa. Aos 57 anos, Birkin
continua linda, esguia, com os
olhos brilhantes e a voz sedutora.
Ela comparece também nas telas do festival, em "Obrigada, Dra.
Rey", de Andrew Litvak, comédia
na qual interpreta uma atriz atrapalhada que tem pavor de divas
(Dianne Wiest interpreta uma) e
sonha em ser Vanessa Redgrave.
Escrito para ela, o papel parece
sob medida para seu sarcasmo e
sua simpatia.
"Fiquei encantada com o diretor. Ele foi muito corajoso, começou a escolher o elenco por mim.
Depois, teve que buscar uma atriz
que quisesse contracenar comigo
e foi achá-la nos EUA", diz, referindo-se a Dianne Wiest como "a
musa de Woody Allen e de todos
os que entendem de cinema".
Bastante ativa (atuou em mais
de 50 filmes), Birkin avalia a bem-sucedida ambivalência de sua carreira como a busca de um refúgio.
"Quando o teatro não estava indo
bem, ia para a música, quando a
música ia mal, tentava o cinema."
A musa de Gainsbourg escolheu
não apenas um refúgio na arte
mas também em um país estrangeiro. Há 37 anos na França, ela é
tida como um ícone nacional.
"Fui adotada por outro país.
Muitas pessoas fogem de casa e
são felizes assim. Acho que esse é
o meu caso."
Durante a entrevista, a atriz deixa transparecer uma certa melancolia em relação às suas escolhas,
sobretudo quando comentou a
morte recente da mãe (também
atriz e cantora), Judy Campbell.
O peso de pertencer a uma família de artistas está presente até
hoje. "Gosto de cantar, mas prefiro fazer isso longe de casa. Fico
muito nervosa quando há alguém
da minha família na platéia."
Como não há parentes dela por
aqui, o mais provável é que a
apresentação seja bastante descontraída. A primeira parte deve
ser dedicada a "Arabesque", no
qual ela faz releituras das músicas
de Gainsbourg em ritmos orientais. Depois, ela deve cantar alguns dos duetos de "Rendez-Vous", gravados com Beth Gibbons, Brian Molko (do Placebo) e
Caetano Veloso, entre outros.
JANE BIRKIN. Onde: Sesc Pinheiros (r.
Paes Leme, 195, Pinheiros, tel. 0/xx/ 11/
3095-9400). Quando: hoje, às 21h.
Quanto: ingressos esgotados.
Texto Anterior: Marisa brilha em imagens "aos montes" Próximo Texto: Cinema: Discreto, o uruguaio "Whisky" chega ao topo do festival nipônico Índice
|