São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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SHOW

Apresentação encerra a Mostra Internacional de Cinema

Musa de Serge Gainsbourg, Jane Birkin canta o erotismo em SP

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela revolucionou a música com sussurros e uma mensagem de amor que se tornou sinônimo de erotismo (e vulgaridade), no final dos anos 60. Desde que Jane Birkin disse "Je t'Aime" a Serge Gainsbourg, seu parceiro de vida e arte, a atriz e cantora carrega o estigma de ser a mulher que gravou "Je t'Aime... Moi Non Plus". "Eu tenho um passado condenável", diz ela entre risos.
Atração de hoje do Sesc Pinheiros, na cerimônia de encerramento e premiação da 28a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Birkin mostra as músicas de seus dois álbuns mais recentes, "Arabesque" (2002) e "Rendes-Vouz" (2004).
Mais de 30 anos depois da "canção maldita", como ela se refere ao seu mais conhecido hit, a inglesa radicada na França continua arrebatando corações -prova disso é que, praticamente sem divulgação, os mil ingressos para o show de hoje se esgotaram dois dias antes da apresentação.
Não é à toa. Aos 57 anos, Birkin continua linda, esguia, com os olhos brilhantes e a voz sedutora.
Ela comparece também nas telas do festival, em "Obrigada, Dra. Rey", de Andrew Litvak, comédia na qual interpreta uma atriz atrapalhada que tem pavor de divas (Dianne Wiest interpreta uma) e sonha em ser Vanessa Redgrave.
Escrito para ela, o papel parece sob medida para seu sarcasmo e sua simpatia.
"Fiquei encantada com o diretor. Ele foi muito corajoso, começou a escolher o elenco por mim. Depois, teve que buscar uma atriz que quisesse contracenar comigo e foi achá-la nos EUA", diz, referindo-se a Dianne Wiest como "a musa de Woody Allen e de todos os que entendem de cinema".
Bastante ativa (atuou em mais de 50 filmes), Birkin avalia a bem-sucedida ambivalência de sua carreira como a busca de um refúgio. "Quando o teatro não estava indo bem, ia para a música, quando a música ia mal, tentava o cinema."
A musa de Gainsbourg escolheu não apenas um refúgio na arte mas também em um país estrangeiro. Há 37 anos na França, ela é tida como um ícone nacional.
"Fui adotada por outro país. Muitas pessoas fogem de casa e são felizes assim. Acho que esse é o meu caso."
Durante a entrevista, a atriz deixa transparecer uma certa melancolia em relação às suas escolhas, sobretudo quando comentou a morte recente da mãe (também atriz e cantora), Judy Campbell.
O peso de pertencer a uma família de artistas está presente até hoje. "Gosto de cantar, mas prefiro fazer isso longe de casa. Fico muito nervosa quando há alguém da minha família na platéia."
Como não há parentes dela por aqui, o mais provável é que a apresentação seja bastante descontraída. A primeira parte deve ser dedicada a "Arabesque", no qual ela faz releituras das músicas de Gainsbourg em ritmos orientais. Depois, ela deve cantar alguns dos duetos de "Rendez-Vous", gravados com Beth Gibbons, Brian Molko (do Placebo) e Caetano Veloso, entre outros.


JANE BIRKIN. Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Pinheiros, tel. 0/xx/ 11/ 3095-9400). Quando: hoje, às 21h. Quanto: ingressos esgotados.


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