JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Os apreciadores de vinhos de São Paulo não têm muitos motivos para reclamar: 2004 está sendo um ano pródigo em eventos dedicados ao mundo de Baco.
Fora o crescente número de cursos e degustações oferecidos na cidade, dois eventos patrocinados por importadoras, a World Wine Trade Fair, organizada pela La Pastina, e o Encontro Mistral já trouxeram neste ano cerca de cem renomados produtores internacionais, que serviram ao público os seus vinhos, incluindo em muitos casos os exemplares top de linha, vinhos com preços acima de R$ 300 a garrafa.
Agora é a vez da Expand realizar a sua, a Vinexpand, e adicionar à lista de visitantes outros 60 vitivinicultores dos melhores cantos vinícolas do planeta. A nova feira terá lugar no Hotel Unique, de hoje a sábado. Depois da etapa paulista, os produtores iniciarão um giro por várias capitais, apresentando os seus goles em Curitiba (08/11), Rio de Janeiro (09/11), Brasília (10/11), Belo Horizonte (11/11), encerrando o tour dia 12 de novembro, em Porto Alegre.
Os principais países estarão representados no evento. O elenco da França contará, entre outros, com as borbulhas da Gosset -um dos grandes nomes da região de Champagne, dona de belos champanhes de grande personalidade e complexidade-, o Domaine du Vieux Telegraph, uma propriedade do Rhône que modela belos tintos em Châteauneuf-du-Pape e também o Domaine Dujac, da Borgonha, cujos vinhos serão servidos por um dos seus proprietários, Jeremy Seysses.
Dujac, aliás, merece um parágrafo a parte. É uma das poucas casas da Borgonha, uma área difícil, que consegue -mesmo em anos de clima complicado como os que freqüentemente assolam aqueles terrenos- tirar da cartola tintos magníficos, do tipo do seu tremendo Clos de la Roche, com o máximo de expressão e exuberância que se pode extrair da uva Pinot Noir, típica da região.
O canto espanhol terá adegas da Rioja -como La Rioja Alta, que conta com deliciosos vinhos do estilo do Reserva 890-, Ribera del Duero (Rodero, Fuentespina) Penedés, Toro e até Jerez (Emilio Lustau).
O lado português terá igualmente uma boa variedade. Estarão lá, por exemplo, os tintos alentejanos da Quinta do Mouro, os Dão da Dão Sul, uma das firmas de ponta da terrinha, e também, não podiam faltar, alguns (belos) tintos do eterno Douro (tal como os das quintas de La Rosa, Vale Dona Maria, Vallado e Murças).
A Itália marcará presença de norte a sul, com os vinhos do Piemonte de Braida e Punoto, os toscanos de Antinori e Rocca delle Macie e os tintos e brancos da deslumbrante Sicília, trazidos por Tasca d'Almerita.
Já o departamento do novo mundo do vinho mostrará exemplares da África do Sul (Steemberg, Vergelegen, Saxemburg), Austrália (Capel Vale), Nova Zelândia (Matariki), Uruguai (Juanicó), Chile (Concha y Toro, Caliterra) e uma numerosa comitiva da Argentina que inclui nomes tradicionais como Norton e Nieto Senetiner junto a novas (e boas) vinícolas do estilo da Finca Sophenia.
O evento oferecerá também degustações, que acontecerão em paralelo, entre elas várias verticais (diferentes safras de um mesmo vinho) como a do tinto português Quinta da Bacalhoa (colheitas 1997 a 2001) ou a tríplice de Seña, Don Maximiano e Viñedo Chadwick (anos 1999 a 2001 de cada um deles), três integrantes do primeiro time rubro chileno, que será dirigida por Eduardo Chadwick, proprietário da vinícola que os elabora.