São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2001

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CINEMA/ESTRÉIA


"O SEXTO DIA"

Schwarzenegger luta com clone e diz que está ficando velho

Não mudo enquanto aguentar, diz Mr. Universo



ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

No sexto dia, Deus criou o homem. E agora, no novo filme de Arnold Schwarzenegger, o homem quer, pela clonagem, criar mais homens, o que é, segundo as leis americanas, ilegal.
Mas, apesar da ilegalidade, existe uma empresa nos Estados Unidos que está, clandestinamente, clonando seres humanos por motivos não muito nobres. Tudo vai bem até que, por acidente, eles clonam o homem errado: o austríaco de aço. E você pode imaginar do que é capaz um Arnold erroneamente clonado. Isso é a base de "O Sexto Dia".
Schwarzenegger, 53, que em 77 foi eleito pela última vez Mr. Universo -ou, grosso modo, o homem mais musculoso do mundo-, entrou em nossas vidas na pele de "Conan, o Bárbaro", em 1982. Depois disso, protagonizou seguidos sucessos de bilheteria, casou-se com uma americana, tornou-se cidadão americano, teve quatro filhos, até que, em 97, se submeteu a uma delicada operação cardíaca em uma das válvulas do coração.
Muitos acharam que esse era o fim do herói, que tem um estádio de futebol com seu nome na Áustria e é republicano ativo. Hoje, totalmente recuperado, ele, que faz questão de ter um trailer no set de filmagem só com seus equipamentos de ginástica, recebeu a reportagem da Folha em Los Angeles para falar sobre clonagem e o que podemos esperar dele em um futuro próximo. Leia abaixo os principais trechos da entrevista. (MILLY LACOMBE)

Folha - Depois de sua operação cardíaca, muita gente achou que você estava pronto para se aposentar...
Arnold Schwarzenegger -
Eu nunca pensei em parar. Muito pelo contrário, os médicos disseram que eu teria mais energia do que antes. E, apenas seis semanas depois da operação, eu já estava correndo e levantando alguns pesos. Minha mulher (a jornalista e sobrinha dos Kennedy, Maria Shriver) disse que não conseguia mais me controlar. Estou mais ativo do que nunca. Acabei de filmar "Collateral Damage", vou começar a fazer "Exterminador do Futuro 3" e, depois, talvez "True Lies 2".

Folha - O que chamou sua atenção em "O Sexto Dia"?
Schwarzenegger -
Quem leu o roteiro primeiro foi a minha mulher. Ela me chamou e disse que eu teria de fazer o filme porque o assunto era atual e a história era bem sacada. Depois de ler a primeira cena, eu estava fisgado.

Folha - Você acha que chegaremos a clonar seres humanos?
Schwarzenegger -
Não tenho dúvida. Sei -porque tive que fazer pesquisas e estudar o assunto- que já estão clonando animais domésticos. Não duvido que alguém, clandestinamente, já esteja experimentando com humanos. É uma questão de tempo, alguns anos no máximo.

Folha - No filme, a clonagem humana é discutida ética e legalmente. Qual sua opinião?
Schwarzenegger -
Sou a favor. Eu adoraria poder ser clonado. Imagine só: meu clone iria trabalhar, e eu iria jogar golfe. É a situação ideal. Mas, para falar a verdade, minha única intenção em ser clonado é poder jogar golfe quando quiser, o que não é um motivo muito nobre. Eu acho que, por questões religiosas, os Estados Unidos jamais liberarão a clonagem humana e, por isso, este país vai ficar para trás, porque tenho certeza de que outros países legalizarão a clonagem de seres humanos. Acho que é inevitável e não poderemos nos opor a isso.

Folha - Até quando acha que conseguirá fazer esse tipo de filme?
Schwarzenegger -
Não sei até quando, mas sei que estou envelhecendo, porque cada vez preciso de mais maquiagem (risos). Acho que saberei a hora de parar. Enquanto puder fazer as cenas perigosas sem uso de dublês, continuarei nesse gênero. Quando não puder mais, mudo.

Folha - Você se meteu em apuros fazendo uma das cenas sem dublê em "O Sexto Dia". Como foi?
Schwarzenegger -
Era uma cena embaixo d'água, em um gigantesco tanque construído no estúdio. Como sou mergulhador, nunca imaginei que teria problemas. Mas tive de mergulhar sem tanque, respirador nem máscara e, lá embaixo, estava difícil perceber para onde estava indo. Fui para o lado errado e, na hora que estava sem ar, pronto para emergir, percebi que o tanque naquele ponto estava fechado. Não havia como chegar à superfície. Entrei em pânico, mas consegui chegar ao outro lado.

Folha - Por que você faz questão de fazer essas cenas perigosas sem dublês?
Schwarzenegger -
Em primeiro lugar, porque acho que o público não é bobo e não gosta de ser enganado. É mais real e mais verossímil se eu mesmo fizer as cenas. Além disso, porque, pelo que me pagam, é o mínimo que posso fazer (risos).

Folha - É verdade que você levanta pesos entre uma cena e outra?
Schwarzenegger -
Claro, ou você acha que é fácil manter esse corpinho (diz, mostrando o bíceps)?


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