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CINEMA/ESTRÉIA
"O SEXTO DIA"
Schwarzenegger luta com clone e diz que está ficando velho
Não mudo enquanto aguentar, diz Mr. Universo
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
No sexto dia, Deus criou o homem. E agora, no novo filme de
Arnold Schwarzenegger, o homem quer, pela clonagem, criar
mais homens, o que é, segundo as
leis americanas, ilegal.
Mas, apesar da ilegalidade, existe uma empresa nos Estados Unidos que está, clandestinamente,
clonando seres humanos por motivos não muito nobres. Tudo vai
bem até que, por acidente, eles
clonam o homem errado: o austríaco de aço. E você pode imaginar do que é capaz um Arnold erroneamente clonado. Isso é a base
de "O Sexto Dia".
Schwarzenegger, 53, que em 77
foi eleito pela última vez Mr. Universo -ou, grosso modo, o homem mais musculoso do mundo-, entrou em nossas vidas na
pele de "Conan, o Bárbaro", em
1982. Depois disso, protagonizou
seguidos sucessos de bilheteria,
casou-se com uma americana,
tornou-se cidadão americano, teve quatro filhos, até que, em 97, se
submeteu a uma delicada operação cardíaca em uma das válvulas
do coração.
Muitos acharam que esse era o
fim do herói, que tem um estádio
de futebol com seu nome na Áustria e é republicano ativo. Hoje,
totalmente recuperado, ele, que
faz questão de ter um trailer no set
de filmagem só com seus equipamentos de ginástica, recebeu a reportagem da Folha em Los Angeles para falar sobre clonagem e o
que podemos esperar dele em um
futuro próximo. Leia abaixo os
principais trechos da entrevista.
(MILLY LACOMBE)
Folha - Depois de sua operação
cardíaca, muita gente achou que
você estava pronto para se aposentar...
Arnold Schwarzenegger - Eu
nunca pensei em parar. Muito pelo contrário, os médicos disseram
que eu teria mais energia do que
antes. E, apenas seis semanas depois da operação, eu já estava correndo e levantando alguns pesos.
Minha mulher (a jornalista e sobrinha dos Kennedy, Maria Shriver) disse que não conseguia mais
me controlar. Estou mais ativo do
que nunca. Acabei de filmar "Collateral Damage", vou começar a
fazer "Exterminador do Futuro 3"
e, depois, talvez "True Lies 2".
Folha - O que chamou sua atenção em "O Sexto Dia"?
Schwarzenegger - Quem leu o
roteiro primeiro foi a minha mulher. Ela me chamou e disse que
eu teria de fazer o filme porque o
assunto era atual e a história era
bem sacada. Depois de ler a primeira cena, eu estava fisgado.
Folha - Você acha que chegaremos a clonar seres humanos?
Schwarzenegger - Não tenho
dúvida. Sei -porque tive que fazer pesquisas e estudar o assunto- que já estão clonando animais domésticos. Não duvido que
alguém, clandestinamente, já esteja experimentando com humanos. É uma questão de tempo, alguns anos no máximo.
Folha - No filme, a clonagem humana é discutida ética e legalmente. Qual sua opinião?
Schwarzenegger - Sou a favor.
Eu adoraria poder ser clonado.
Imagine só: meu clone iria trabalhar, e eu iria jogar golfe. É a situação ideal. Mas, para falar a verdade, minha única intenção em ser
clonado é poder jogar golfe quando quiser, o que não é um motivo
muito nobre. Eu acho que, por
questões religiosas, os Estados
Unidos jamais liberarão a clonagem humana e, por isso, este país
vai ficar para trás, porque tenho
certeza de que outros países legalizarão a clonagem de seres humanos. Acho que é inevitável e
não poderemos nos opor a isso.
Folha - Até quando acha que conseguirá fazer esse tipo de filme?
Schwarzenegger - Não sei até
quando, mas sei que estou envelhecendo, porque cada vez preciso de mais maquiagem (risos).
Acho que saberei a hora de parar.
Enquanto puder fazer as cenas
perigosas sem uso de dublês, continuarei nesse gênero. Quando
não puder mais, mudo.
Folha - Você se meteu em apuros
fazendo uma das cenas sem dublê
em "O Sexto Dia". Como foi?
Schwarzenegger - Era uma cena
embaixo d'água, em um gigantesco tanque construído no estúdio.
Como sou mergulhador, nunca
imaginei que teria problemas.
Mas tive de mergulhar sem tanque, respirador nem máscara e, lá
embaixo, estava difícil perceber
para onde estava indo. Fui para o
lado errado e, na hora que estava
sem ar, pronto para emergir, percebi que o tanque naquele ponto
estava fechado. Não havia como
chegar à superfície. Entrei em pânico, mas consegui chegar ao outro lado.
Folha - Por que você faz questão
de fazer essas cenas perigosas sem
dublês?
Schwarzenegger - Em primeiro
lugar, porque acho que o público
não é bobo e não gosta de ser enganado. É mais real e mais verossímil se eu mesmo fizer as cenas.
Além disso, porque, pelo que me
pagam, é o mínimo que posso fazer (risos).
Folha - É verdade que você levanta pesos entre uma cena e outra?
Schwarzenegger - Claro, ou você
acha que é fácil manter esse corpinho (diz, mostrando o bíceps)?
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